Equador fala em “plano piloto” para 15% da capacidade de público. Bolívia e Paraguai também discutem retorno; eliminatórias de 2018 geraram R$ 70 milhões de renda em jogos do Brasil
A arquibancada vazia da Neo Química Arena nesta sexta-feira, estreia da seleção brasileira masculina contra a Bolívia, promete ser o tom das primeiras duas rodadas das Eliminatórias da Copa de 2022, do Catar. O que pode não durar muito tempo, pois a Conmebol ainda avalia o cenário e evita o tema, mas já se discute nos bastidores a volta do público para os dois jogos de novembro.
O tom adotado é o mesmo na CBF. A renda de jogos em partidas amistosas e em competições oficiais representa resultado financeiro significativo para a CBF. O aumento com “bilheteria e premiação”, apontados em balanços financeiros da entidade, saiu de R$ 16,5 milhões, em 2012, para R$ 56,7 milhões, no resultado financeiro de 2017.
A renda bruta dos nove jogos da Seleção na Eliminatórias da Copa de 2018 foi de R$ 70 milhões, com público total de 370 mil pessoas – em média, R$ 7,7 milhões de renda e 41 mil de público por partida. A maior renda contra o Chile (3 a 0 para o Brasil, em outubro de 2017), no fechamento das Eliminatórias, com R$ 15 milhões, mas o maior público foi no Mineirão (53.490 pagaram para ver outro 3 a 0, desta vez contra a Argentina, em novembro de 2016).
Em entrevista ao ge, o coordenador da seleção principal Juninho Paulista disse que não há qualquer previsão ainda de público em jogos do Brasil. Mas reconheceu que o cenário é de indefinição para novembro em diante.
– As coisas estão sempre mudando e mudam rapidamente. Mas o que a gente pode falar é de agora e em outubro não vai ter público – disse o dirigente da CBF.
No Equador, a federação nacional de futebol e a prefeitura de Quito chamam de plano piloto a possibilidade de abrir estádio para 15% da capacidade de público. Bolívia e Paraguai também sinalizam com a mesma intenção. Para outubro, porém, está determinado que não haverá público.
A próxima reunião entre as 10 associações com a Conmebol, prevista para início do próximo mês, vai levantar essa pauta. Qualquer mudança vai exigir adaptações dos atuais protocolos seguidos pela entidade de futebol sul-americana.
Inicialmente, a Conmebol reconhece que não pode se meter em questões sanitárias relativas a cada país – ou seja, lava as mãos para o caso de uma seleção conseguir autorização interna, dentro do território nacional, para levar público, enquanto outras não têm o mesmo direito -, mas deseja consenso entre todos dirigentes para retorno uniforme. Pelo equilíbrio técnico.
A CBF, que passou por situação análoga com os clubes no Brasileirão, ainda se esquiva sobre o assunto. Em ano atípico, com gastos extras devido à Covid-19 (com ajudas diversas entre divisões do futebol brasileiro e associações de árbitros), arrecadação menor e alguns cortes (ainda que temporários e parciais em contratos de terceirizados), a direção acompanha o cenário. Não será surpresa se o jogo no Morumbi, contra a Venezuela, em novembro, tiver público.
O ge tentou contato com a CBF para tratar do tema, mas não conseguiu contato. A entidade máxima do futebol não divulga orçamentos anuais, apenas balanços financeiros em que registra altas receitas de bilheteria e premiações.
Por Raphael Zarko