Jamaicano, que respeitou o brasileiro durante toda a luta e só conseguiu o nocaute no quarto round, desaba em lágrimas após a vitória e abraça o Spider: “Ele é o verdadeiro campeão”
Sonhos nunca morrem e lendas são para sempre. A máxima da imortalidade, que premia os que buscam o impossível, tem em Anderson Silva um dos seus maiores exemplos. Humano fora dos ringues, com defeitos e contradições, sobre-humano dentro dele. Ninguém aliou genialidade e talento dentro de um cage como o menino paulista criado em Curitiba pelos tios e que era fã do Homem-Aranha e sonhava ser policial. Nenhum outro também colecionou tantos momentos icônicos, apresentações geniais ou nocautes memoráveis. O lutador que fez os torcedores vibrarem em suas apresentações como se estivessem assistindo a jogos do Brasil em Copa do Mundo, e que transformou e consolidou o MMA como uma verdadeira paixão no país, reescrevendo a história do esporte, colocou, neste sábado, em Las Vegas, um ponto final no último capítulo da sua carreira no UFC. Aos 45 anos de idade, Anderson não teve a despedida que sonhava ou merecia. Sem a presença do público que o idolatrava, e tendo diante de si o jamaicano Uriah Hall, nove anos novo, o Spider foi superado no quarto round, sofrendo o nocaute técnico a 1m24s de luta.
No primeiro evento na história do UFC realizado na noite do Halloween, o Dia das Bruxas nos EUA, e com uma atmosfera completamente diferente das outras lutas de Anderson Silva – nas quais o público gerava uma energia única desde a caminhada do Spider rumo ao octógono até o anúncio do vencedor – a atmosfera era completamente diferente. Neste sábado, o cenário era um UFC Apex vazio. Entrando ao som da sua tradicional “Ain’t no Sunshine”, do rapper DMX, Anderson Silva aparentava tranquilidade.
– Foram tantas emoções que não sei descrever. Após a luta ele me disse para prestar atenção à minha mente, e vou levar isso para sempre. Ele é o meu herói, e mesmo eu tendo vencido a luta, ele é o verdadeiro campeão. Para mim, essa foi a luta de cinturão da minha carreira – disse Hall após a luta.
Durante alguns minutos, Anderson Silva ficou sozinho no centro do octógono, se despedindo do local em que encantou e conquistou o mundo. Logo depois, ele falou como se sentia.
– Uma luta é uma luta. As chances de vencer sempre são 50%. Estou aproveitando o momento, mas hoje foi o último dia, e fiquei feliz em dar o meu melhor show para a minha família e os meus fãs. Não sei se essa foi a minha última luta. Quero ir para casa e conversar com a minha família e meu time. É difícil dizer que essa é a minha última luta. Isso aqui é o meu ar, e eu faço isso a vida toda. Vamos ver. Tenho grandes lembranças de cada adversário que eu enfrentei no UFC – disse o Spider após a luta.
Por Combate.com