Hoje, dia 19 de fevereiro de 2021, o meu amigo, companheiro, irmão, o Magrão Sócrates, faria 67 anos. Gênio da bola e um ser humano ímpar, uma inteligência e cultura acima da média — e não só de jogadores de futebol, mas dos brasileiros em geral.
O nosso amor foi à primeira vista.
Voltei ao Corinthians em 1982, mas joguei na Caldense, em 1981, em Poços de Caldas. A seleção foi fazer um período de treinos na cidade e teve um jogo Caldense 1 a 1 Seleção, gols meu para a Caldense e do Zico para o Brasil.
Quando os times entraram em campo, o Magrão veio direto na minha direção e falou: “Tudo bem, garoto?”. Os dois primeiros jogos pelo Corinthians foram sem a presença dele e fiz quatro gols na estreia, além de mais um no segundo jogo.
Aí veio o Carnaval, mas eu estava ansioso para jogar ao lado dele. Afinal, por ser corintiano, era muito fã de dele e do Palhinha. Na primeira partida após o Carnaval, ele jogou. Vencemos o Fortaleza por 4 a 2, no Castelão, e foi um entrosamento fantástico de cara. Participei com passes para os quatro gols, três do Zenon e um do Magrão.
Ali já percebemos que faríamos uma dupla fantástica em campo, mas… E fora do campo?
Bom, naquela noite depois do jantar, estava sentado no sofá do hotel e chegou o Fagner, gênio da música, para pegar o Magrão para saírem. Ele olhou para mim e falou: “Garoto, vamos com a gente”.
Foi como um sonho começando a se realizar, porque daí em diante tudo foi acontecendo naturalmente. Tabelas, gols, cervejas, divertimentos e um bicampeonato paulista em 1982/83, pela Democracia Corinthiana.
Jogamos várias vezes juntos na Seleção, íamos a muitos shows da MPB, e eu arrastava o Magrão para bares de rock comigo.
Na realidade, o local e o som pouco importavam, o que contava mesmo era estarmos juntos.
Como juntos estivemos no palanque da campanha pelas eleições diretas para presidente da república, as “Diretas Já!”.
Nos afastamos por um tempo, sem que ninguém estivesse certo ou errado. Atravessávamos um momento muito difícil: eu com as drogas ilícitas, e ele com o álcool. Fui ao fundo poço, internado, mas ele continuou bebendo sem parar, sem perceber que o álcool estava acabando com ele.
Tive tempo, no programa Arena SporTV, de falar tudo o que eu sentia por ele.
– Magrão, eu te amo! – falei
Sinto muita falta de conversar com ele e não tem dia que não me passe pela cabeça algum momento juntos.
Porque foi tudo muito intenso, como ele mesmo sempre dizia: “Paixão não, mas ô saudade”.
Por Casa Grande