Inquérito administrativo já ouviu pessoas que trabalharam no Amigão, no jogo do último domingo, e deve receber versão do presidente do Galo, Walter Cavalcanti Júnior, nesta terça-feira
A presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB), Michelle Ramalho, confirmou que a entidade que rege o futebol paraibano abriu inquérito administrativo para apurar a suposta venda de ingressos do Treze para o Clássico dos Maiorais do último domingo, no Amigão, em Campina Grande, pela Série D do Campeonato Brasileiro. A dirigente confirmou a informação ao programa CBN Esporte Clube, da Rádio CBN, na tarde desta terça-feira.
Toda essa celeuma começou na semana passada, quando um vídeo compartilhado nas redes sociais, através de uma denúncia anônima, mostrou uma suposta funcionária trezeana negociando uma vaga no setor das cadeiras do estádio, no valor de R$ 152. Pagando essa quantia, os adeptos teriam acesso à partida como convidados do Treze, mandante da partida contra o Campinense. No vídeo, as orientações referentes à logística já dentro do estádio citam que dois funcionários da FPF-PB estariam dentro das dependências e, consequentemente, teriam conhecimento de tudo que estava acontecendo.
Ao programa CBN Esporte Clube, apresentado por Bruno Filho, Michelle Ramalho contou como tomou conhecimento do caso e também deu detalhes de como agiu para evitar que a comercialização tivesse êxito nos bastidores do clássico, válido pela rodada #10 da Série D do Brasileiro.
— Confesso que fui pega de surpresa com esse vídeo nas redes sociais. Mas também diria que, felizmente, tive acesso a ele antes de 24 horas de o jogo ocorrer. A FPF-PB já tomou as devidas providências legais. Na mesma hora, eu entrei em contato com o delegado do jogo e notificamos o Treze para esclarecimentos sobre o vídeo no prazo máximo de 24 horas, sob pena de não ocorrer a partida. O Treze respondeu. Nós também comunicamos ao Ministério Público. Entramos em contato com o Coronel Azevedo, responsável pelo policiamento no clássico. O que eu posso assegurar é que não ocorreu (a presença de torcedores infiltrados) — explicou.
O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) confirmou que abrirá inquérito policial para investigar todos os trâmites que cercaram essa ação, classificada pelo procurador Valberto Lira como “artimanha criminosa”.
Michelle, por sua vez, já abriu inquérito administrativo por parte da FPF-PB. Ela, inclusive, confirmou que a entidade já começou a ouvir as pessoas que estavam trabalhando na partida do último domingo. Nesta terça-feira, o presidente do Treze, Walter Cavalcanti Júnior, é aguardado para que possa dar a sua versão sobre o ocorrido. A dirigente confirmou que, em caso de indícios de fraude, o caso será levado adiante, provocando também outras entidades para ajudar nas investigações.
— Eu entendo que seja uma denúncia grave, mas que está sendo, sim, apurada. Não só pela FPF-PB, mas também pelos órgãos competentes. Já vi entrevista do Dr. Valberto Lira, que já está tomando as devidas providências. No que diz respeito à FPF-PB, nós já entramos com inquérito administrativo. Já estamos fazendo a ouvida de todos aqueles que estavam trabalhando no dia do jogo. A FPF-PB não tem poder de uma polícia, mas, com certeza, este inquérito vai estar disponibilizado para as autoridades competentes, se assim acharem conveniente. Se tiver indícios de fraude, nós vamos enviar para o STJD, para o Ministério Público e para qualquer autoridade que esteja querendo apurar o caso a fundo — afirmou.
A presidente da FPF-PB confirmou que viu as fotos e que não acredita que, pela quantidade de pessoas presentes às cadeiras — cada clube envolvido pode levar no máximo 80 pessoas em sua delegação —, tenha havido algum tipo de movimentação por parte de torcedores comuns.
No entanto, Michelle também adiantou que, em caso de materialização de provas de que a venda de ingressos aconteceu, todo o processo será repassado para julgamento por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é a responsável pela organização da Série D do Brasileiro, ficando a cargo da entidade nacional fazer os devidos julgamentos ao Treze, segundo ela, com possíveis multas, perdas de mando de campo e algumas outras penas administrativas que compete à CBF.
Em ofício enviado à FPF-PB, o Treze se defendeu das acusações, se dispôs a esclarecer todos os apontamentos feitos contra o clube e lamentou “que a rivalidade se estenda para fora dos gramados”, se dizendo vítima de “práticas manipuladoras”. Em nenhum momento o ofício citou diretamente o Campinense ou apresentou alguma prova contrária às acusações.