A capacidade de diálogo na política brasileira foi “abatida a tiros” após sinal de arminha ser vencedor na campanha de 2018
Fosse para botar ordem, os sanatórios brasileiros não caberiam tantos homens públicos, independente do espectro político, bem como os presídios não seriam suficientes para tantas “autoridades” que incorporam (ou se revelam) milícias. Isso ficou bem claro com o ocorrido nesta quarta-feira (19), em Sobral, no Ceará. O senador licenciado Cid Gomes (PDT), no mais extremado gênero “esquentadinho”, usou uma retroescavadeira para derrubar a grade de um quartel onde policiais se amotinavam encapuzados.
O enredo deste filme não poderia ser outro: radicalização. Cid Gomes levou dois tiros, um deles no lado esquerdo do peito. Houve excesso pelo lado do senador, conhecido por combater incêndios com querosene, e houve ato criminoso por parte dos milicianos (ops, policiais). Por mais que você se apegue a amarras ideológicas, não dá para defender nenhum dos lados. Os homens públicos precisam usar do diálogo para resolver conflitos e os policiais não podem se “disfarçar” de bandidos.
Os protestos por melhorias salariais ganharam espaço em vários estados nos últimos dias. Ceará, Paraíba e Espírito Santo ostentam os quadros mais graves. As imagens das TVs mostram policiais encapuzados, levados em viaturas para esvaziar pneus dos veículos pertencentes à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros para que isso impeça o trabalho deles. Este é o momento triste no qual aqueles que precisam manter a lei e a ordem usam a vida das pessoas para fazer chantagem contra o governo.
Não digo e não direi nunca que os policiais não deveriam ganhar melhor. Eles deveriam ter, pelo menos, o dobro ou o triplo do que ganham hoje. Acontece que existe um motivo constitucional para que seja proibida a greve dos policiais. Este motivo é que a paralisação deles serve como um convite para encorajar os criminosos a matar, estuprar e roubar. Isso é irrefutável. A cada vez que os militares vão para as ruas protestar contra o governador, é o cidadão que leva o pior.
O episódio desta quarta, com Cid Gomes, mostra que a capacidade de diálogo político foi abatida a tiros no Brasil. Talvez por isso, o discurso vencedor nas eleições de 2018 tenha sido o da “arminha” e não o dos livros.
Blog do Suetoni Souto Maior / Jornal da Paraíba