Assédio e pressão crescem na véspera da ‘janela eleitoral’

Presidentes revelam ações para garantir a permanência de filiados, mesmo com ‘janela’

A chamada janela eleitoral, período em que vereadores podem mudar de partido para concorrer à eleição (majoritária ou proporcional) de outubro sem incorrer em infidelidade partidária, que terá início no dia 5 de março, encerrando em 3 de abril, abre espaço também para assédios por filiações. Para tentar segurar os filiados, algumas legendas têm baixado resoluções e até realizado conversa ao pé do ouvido na tentativa de não perder partidários em ano eleitoral.

O PSol chegou a orientar, em uma resolução, aos pré-candidatos a dizerem “não ao assédio político que setores da esquerda e da direita estão fazendo. Vamos fortalecer nossa chapa de vereador e eleger os primeiros vereadores do partido em João Pessoa”. Na mesma resolução, O partido também afirma que terá candidatura majoritária própria, reconhecendo a importância do momento político.

O presidente do PSDB de João Pessoa, deputado federal Ruy Carneiro, disse que para garantir a permanência dos filiados está conversando com as pessoas explicando o projeto do partido para João Pessoa e para o Estado, tentando convencê-los que esse é o melhor caminho. “Eu mesmo tenho conversas pessoalmente”, disse, revelando que o partido também observa o interesse de quem quer ser candidato, mas por outro lado, está buscando novas pessoas para filiações na legenda.

Segundo o presidente estadual do Podemos, vereador Galego do Leite, as conversas com os filiados acontecem diariamente. “Estamos tranquilos em relação a isso, nossa base é tratada com muito diálogo, pois estamos há mais de um ano montando nosso grupo, além de possuir o respaldo na comissão nacional para fortalecer todas as nossas bases nos municípios da Paraíba”, disse.

Diferente do Psol, o presidente estadual do Cidadania, Ronaldo Guerra, disse que o partido não tem qualquer ação na busca por manter filiados. “Cada um escolhe pra onde quer ir. Aqui é Democrático”, afirmou.

Para o deputado federal Efraim Filho, o Democratas vive o seu melhor momento na Paraíba e ao invés de perder quadros deve receber muitas adesões nesta janela. “Não vamos precisar de resolução. Estamos tranquilos e na expectativa da chegada de novos filiados que devem chegar de forma espontânea”, garantiu.

Assim como o Democratas, o PT também não tem ação para evitar debandada durante a janela partidária. Segundo o presidente estadual, Jackson Macedo, é impossível segurar filiado em partido. “É impossível segurar quem quer sair. Devemos perder alguns e ganhar outros”, afirmou.

O presidente estadual do PSL, deputado federal Julian Lemos, disse que a legenda não tem qualquer ação desenvolvida para tentar segurar os filiados.

“Estamos deixando o nosso pessoal livre, quem quiser sair pode seguir o seu caminho. Estamos esperando muitas filiações e estamos tranquilos quanto a isso”, destacou Julian Lemos.

“Canibalização partidária”

O professor doutor da Universidade Federal da Paraíba e cientista político, Lúcio Flávio, disse que processo da busca de nomes em outras legendas, que podemos chamar de “canibalização partidária”, enfraquecerá as legendas políticas de menor peso, principalmente aquelas que servem apenas como balcão de negócio.

“A eleição de 2020 será o início do processo de diminuição da quantidade de partidos. Esperamos que essa diminuição do quantitativo de agremiações partidárias se traduza numa melhor qualidade dos partidos”, disse o professor.

De acordo com ele, a busca por nomes de destaque, principalmente por aqueles que já detenham um mandato de vereador, é benéfico tanto para o candidato quanto para o partido.

Ele conta que para o partido, que está proibido de fazer coligações na proporcional, principalmente aqueles que já possuam mandatos, amplia a margem de crescimento e garante uma votação maior. “No caso do candidato, ingressar num partido político já consolidado, com uma verba do fundo eleitoral mais robusto, lhe garante um maior espaço de atuação e amplia as chances eleitorais”.

Contra o assédio (Foto: Reprodução/Fotos públicas/Elza Fiúza)

Por André Gomes, do Jornal CORREIO

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