Por Professor Pedro Neto (Professor Lé): PAULO GALDINO

Esse, é um dos filhos do mestre Zé Galdino do sítio Pau de Leite.  Folclore Vivo! São muitas as histórias do Galego, torcedor fanático do Vasco da Gama. Tem um linguajar próprio. É necessário uma boa convivência, para compreender suas colocações.  Algumas pessoas confundem, ou pensam que Paulo é humorista. Ele é genuinamente natural! Sua presença; seu comportamento, que o faz uma pessoa especial.

 Por conta do futebol, me aproximei do zagueiro ou lateral? Sei que ele tinha vaga garantida no time da favela. Com ele aconteceu diferente: Com a idade mais avançada, os laterais normalmente passam a ser zagueiros.  Com Paulo, aconteceu o contrário.  O Galego foi deslocado da zaga para a lateral. Não entendi! Ele sim, entendeu. Uma tarefa ingrata e difícil é convencer esse Galdino!

Assisti alguns jogos com sua presença.  Bom, quanto ao futebol, falarei depois.

Os filhos de “Seu” Galdino estudavam na Escola, Centro de Ensino Dona Luzia Maia (nome antigo). Fui colega de classe de Fátima e Zeca, irmãos de Paulo. Conversando com ele: ‘Aprendeu muito na escola?’—–Paulo: “Nós era os primeiru que chegava na aula. A gente saía de casa às 5: horas da tarde. Os vizinhos diziam, esses meninos de cumpadi Zé Galdino são muito interessados pelo estudo”.——Insistí: ‘Assistiam as aulas?’—–Aspas prá ele: A gente ia tomar KI-SUCO com siquilho na bodega de Mestrin… Ficava com a boca toda “empapada!”—–Eu: ‘Aprendiam muito nas aulas?’—–Ele: “Passei 7 anos na escola, não sei nem assinar o nome.”

Certo dia, conversava com o zagueiro que virou lateral… Indaguei: ‘Sua turma na escola era boa?’—–Aspas prá Paulo: Meus colegas eram Nenen de Amor, Assis de Antônio Simão, Maleta… Era só gente boa!—–Falei: ‘você estudava muito?’—–Ele:”Só aprendi o que era um “O”, porque era redondo”. Aí deu aquela risada!——-Aspas para o filho de Zé Galdino: Pai soube que a gente não assistia as aulas (ele colocou Beta de Zé Idalino para vigiar nois). Chegou de surpresa na bodega de Mestrin.  Aí ele dixi: Vocês agora, vão é bater tijolo (Seu Zé era oleiro).

Uma das alegrias do aluno “estudioso”, é o carteado (jogo de baralho). São muitas as histórias do Galego em mesa de jogo: Jogando no cassino do Sargento Guilhermino, ele saiu logo “armado” (linguajar usado no baralho). Olhou… Disparou: “Sargento, o que é do homi o bicho não comi” ——A “parada” foi sequenciada… Paulo perdeu! Aí: “Barai é bicho do cão, viu Sargento!”

Jogo de “azar” é  a verdadeira alegria dele! Sempre perde! Nunca teve sorte no baralho. Na sinuca ele até… Ganhava algumas “partidas”. Certa vez, tive oportunidade de assistir uma disputa entre ele e o veterano Dom Simões (Geraldo Preto). Cada “parada” que ele ganhava, tirava o boné e colocava o dinheiro dentro w dizia: “Vai virar um travesseiro viu “Seu Geraldo”——-Depois da décima, vencida por Paulo. Aspas prá ele: Geraldo, você me adiscuipe, mas tenho que comprar uns pão e café. W a muié tá me esperando”.___Geraldo Preto ficou “brabo” e disse cobras e lagartos! Paulo, saiu feliz da vida.

Depois do jogo de “azar”, o futebol é a segunda paixão do jogador, de bola ou de baralho, da Favela. Em 1997, eu estava preparando a Seleção de nossa cidade, que jogaria com o time da AABB de Campina Grande (Campeã do Norte-nordeste na modalidade de Futsal). Conversava com o zagueiro, agora lateral, a respeito do amistoso, quando ele fez um desafio: “Vamu fazer um amistoso contra a favela?”——Falei: ‘A Seleção de Catolé é muito forte, não dá certo não”. —–Aspas prá ele: Dentro da quadra é tudo igual. Não faz medo não viu Major” (ele gosta de usar esse termo “Major”). O jogo foi num domingo pela manhã.  A Favela perdeu de 14 X 4. Eles usaram 5 goleiros no transcorrer da partida.  Ele, Paulo, creditava sempre aos homens da baliza, a culpa pelos gols sofridos.  Depois do jogo, falei: ‘ E aí ? ——Ele: “Nosso time tava muito ajojado”.  Curioso, Indaguei: ‘ O quê é um time ajojado?”—–Ele disse: “Me admira muito você que quer saber tudo de futebol,  não sabe o que é jogar ajojado. Nois tava jogando muito embuluado”.—–Entendí! Será? Ele ainda disse: “É, não foi fácil não! Vocês levaram “arrocho!”—-Falei: ‘ 14 X 4 né!’. Difícil é convencer Paulo de “Seu” Galdino. É teimoso! Ele nunca se “dobra”.

 Gosto muito de conversar com “GALEGO”. Sou admirador do filho do mestre Zé.  Certa vez ele me disse que tinha o mesmo vício do pai: Gostava dum barai!

Certa dia, ele chegava em minha residência e estavam colocando cerâmica no piso. Ele olhou… Fez aquele “bico” (com os lábios ou beiços como ele gosta de falar) e: “Vem desde lá de dentro, Major?——Respondi que sim. Aí ele: ” Vai virar uma maternidade “( por conta do piso branco).

Festas juninas, o forró era na Rodoviária.  Paulo marcou presença, acompanhado de sua esposa.  Perguntei: ‘ Gostou Major do forró?’ —– Outra vez, o bico em ação.  Ele não dança!  Eu já sabia! Aí: ‘Dançou muito?’——Aspas para o forrozeiro: Fiquei lá com os zoi abribado olhando o povo e a muié tava de bulandeira (andando à vontade).  Então perguntei: ‘ Muita gente na rodoviária?’——-Aspas para o forrozeiro: Muita gente viu! Alí é festa! Sim, eu vi aquele seu amigo.  Perguntei: ‘Quem?’—–Ele, sem pestanejar, respondeu: Aquele dos ossos duros. Fiquei matutando e perguntei, quem era esse dos ossos….Ele emendou: Aquele, homi, que tem os zoi apertados!  Agora piorou! Ele completou: “É aquele que joga no time de João de Jandui”. Aí entendi. Ele estava falando de Toinho de Antônio Medeiros. Esse Paulo, filho do velho e bom Zé Galdino do Sítio Pau de leite, pai de: Maria, Luzia Fátima, Toinha, Aparecida, Zeca, Antônio, Chiquinho, Pedro, Luiz e… Ainda tem? Talvez!

Paulo, gostava de reclamar com os árbitros que atuavam nos jogos do time da favela.  Final de jogo da Copa Conradão de René Macaúba, no Sítio Cantinho, ele falou: “Oh Novelo (árbitro do jogo), você projudicou ( assim mesmo) nosso time! ——-Novelo reagiu em cima da “bucha “: “Galego, conversa é  prá mãe de moça “.

 Jogo amistoso no Bairro São Francisco, envolvendo, Favela e o time de João de Jandui, aquele onde atuava Toinho, o jogador dos ossos duros. Paulo abordou o árbitro da partida: “Oh Beba, você é como avoi de anun, só pende pum lado?”

Esse é Paulo, filho do velho e bom Zé Galdino do Sítio Pau de Leite.

Por Professor Pedro Neto (Professor Pedro Neto)

Por Professor Pedro Neto (Professor Lé)

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One thought on “Por Professor Pedro Neto (Professor Lé): PAULO GALDINO

  1. Parabéns pela homenagem professor. Paulo é realmente uma figura, muito simples e querido por todos. Sou sobrinho dele, filho de Zeca.

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