“BREJO DOS SANTOS A TERRA DO FUTEBOL”
Antigamente, quando um jogador desferia o famoso “balão”, alguém logo dizia: Olhe Brejo dos Santos aí, gente. O tempo passou, e a geração de Josafá, Carlinhos, Antônio de Hercílio, Véi de Severino Paizinho, Nil, Zé Preto, Lauri Ferreira, Zezinho de Oiô, e outros nomes do futebol brejosantense, parou de jogar futebol, e dá “balão “. Aí, surgiu a geração de: Jesias, Areide, Juarez, Sóstenes, Tatinha, Edson, Misson, Edmilson, Laércio, Netinho, Peixinho, Petinha, Inaldo, Elviro, Veterano, e outros craques, que mudaram a maneira de jogar futebol lá no Brejo (é assim que eles gostam de falar).
Falar em futebol do Brejo, é falar em Urias Calixto. Este merece um capítulo à parte. Teve passagem pelo Baraúnas de Mossoró e Sociedade de Sousa, numa época que futebol, era mesmo futebol. Com o surgimento dessa geração, o futebol da terra, que também é dos médicos, passou do famoso “balão”, para uma prática, com toques refinados, raça e muita disposição dentro das quatro linhas. Um fato interessante, me foi passado pelo rápido ponta esquerda Tatinha( foi campeão aqui em Catolé em 1978, defendendo as cores do Catolezinho, juvenil do Catolé Esporte Clube). Tatinha, também foi dirigente esportivo lá pras bandas do Brejo, por muito tempo. Vamos ao fato: O ex-atleta Jesias, dono de um futebol requintado, proibiu o famoso “balão”, quando foi organizador de um torneio de futebol naquela cidade. O ” balão ” era punido com uma falta. Providência esquisita, mas muito valiosa para o futebol. Na reincidência, o atleta seria expulso.
Falar no futebol de Brejo dos Santos, é voltar no túnel do tempo, e ver, ainda viva, a imagem na tela do tempo de Catabilho, andando ao lado do campo, torcendo e vibrando com as jogadas e a raça dos atletas da terra; com esquecer Joãozinho da rural, sempre empenhado em desenvolver o futebol aguerrido de sua terra; esquecer Bastiãozinho, andando pelas ruas da cidade, para angariar recursos e pagar o valor solicitado pelo time adversário? —–e Marcos Benjamin? Sempre procurando o melhor para um futebol tão desassistido; e Jailson? Moço lutador! Nesta cidade, onde a população enfrenta muitas dificuldades, onde reina o desemprego e a dependência em relação ao poder público, o futebol, torna-se, tarefa difícil de ser realizada.
As tardes de domingo lá no Brejo, eram sinônimo de festa. A torcida se agitava desde cedo, para receber a equipe visitante. Os dirigentes
, desde cedo, circulando pela cidade, para arrecadar a quota, para pagar o time adversário. Antigamente era assim. Na hora do jogo, era um barulho ensurdecedor, e como sempre, a presença de torcedores folclóricos como Pedro Benjamin, imitando sempre os passarinhos Albertina Roque, Chico Cândido, Cabral, Cícero de Nezinho, Piabinha, Zezinho de Jovelina. O futebol do Brejo era diferente! E o campo? Aí, estava o grande problema. O velho campo, que ficava ao lado do matadouro público, próprio para colocar enguiçado para “,pegar”, era a grande armadilha para equipe visitante. O time do brejo, astutamente, sempre atuava no segundo período, descendo a ladeira. O adversário, coitado, cansado, era sempre derrotado.
Um jogador fez história, e deixou seu nome, registrado nas páginas amarelas e apagadas de um futebol que agoniza, e não encontra “ remédio ” para combater seu fim. Mas voltando ao passado, não podemos esquecer do atacante forte, e dono de um chute poderosíssimo ( versão existente, diz que o filho de Cazuza Calixto, acertou um chute forte que atingiu o goleiro adversário, ocasionando sua prematura morte). Lenda ou verdade? Urias, era irmão de Paulo, que sempre jogava utilizando um boné. Na hora do cabeceio, ele retirava o tal boné, que era colocado imediatamente na cabeça, após a execução do fundamento futebolístico. Urias é tio do Professor Netinho (atualmente reside em Catolé), que foi um dos grandes nomes do futebol regional. Ao falar em Urias, não podemos esquecer o grandalhão Aldrin, seu filho, que atuou também no esporte rei na terra do futebol.
Em 1984, Brejo dos Santos, participou do antigo Copão Progresso, competição realizada pela Rádio Progresso de Sousa, que tinha o comando do saudoso Efe Lunguinho. Nesse período, tive oportunidade de orientar o time da terra dos cabeludos (apelido carinhoso dos baixinhos bons de bola). Tarefa difícil! Lá no Brejo, todos são treinadores. Cada um, quer que o time jogue à sua maneira. Mas foi uma experiência válida. Aprendi muito com aqueles abnegados do futebol. Até hoje, tenho muitos conhecidos ali. Na verdade, a torcida ajudava e atrapalhava! Não fiquei muito tempo lá no Brejo. Problemas particulares, afastaram-me do bom futebol praticado na terra, onde o campo, foi desativado. Mas, travei um bom conhecimento e excelente relacionamento, que perdura até os dias atuais.
Um fato ficou na minha memória, oriundo desse período. Todo treinador (Não sou treinador. Apenas um simples Professor, com forte ligação com o futebol). É de praxe, o treinador levar para seu, jogadores de sua confiança. E isto aconteceu, durante minha curta passagem pelo futebol brejosantense. Levei para defender o time de Bastiãozinho, os bons jogadores Catoleenses, Lázaro Neto (esse tinha o apelido de Neto Três Orelha) e Meira, que fizeram história, defendendo equipes da região. Depois daquela passagem por Brejo dos Santos, estávamos numa loja de nossa cidade, comprando material esportivo, quando de repente, surgiu a figura excêntrica, do velho dirigente esportivo de times famosos, lá no Brejo. De repente, caminhava em nossa direção, o saudoso dirigente esportivo, que bradou com sua voz fanhosa e inconfundível, gritando a todos pulmões: “Ei Neto três ureia, cadê as chuteiras e os meiões do meu time?”——-Jamais esquecerei, este momento hilariante, quando numa mistura de risos e vergonha, fui cumprimentar, essa figura, ímpar e folclórica do nosso meio futebolístico. Ah, que saudades do velho Bastião!
Tive oportunidade de voltar ao Brejo, para treinar aquela equipe, agora com outro nome: Três de Junho. O time do tocador de fole (instrumento musical), era o Flamengo. Este trabalho foi realizado numa parceria com o Professor Netinho, que preparava tal equipe, para enfrentar o bom time do Nacional de Patos, justamente na festa de emancipação política da cidade. É tradição, a realização de uma partida amistosa, no dia 03/junho, data de aniversário da Cidade, e nome do novo time de futebol local. Realizamos um excelente trabalho e o resultado do jogo, foi um empate de zero a zero com a forte equipe de Menon e companhia. E o fato, falado no início do parágrafo? Ah! Recebi uma ligação telefônica do excelente atleta e agora Treinador do 03/Junho, Severino Figueiredo Neto, o Netinho, bastante preocupado, já que, o zagueiro Tião (filho do bom Bastiãozinho), ameaça, arrancar as traves, caso não fosse escalado. Depois de muita conversa, falei para Netinho, que estava aflito com tal situação: ‘A saída mais interessante, seria escalar o zagueiro Tião. Se o time perdesse e o irmã de Quinca, falhasse, seria ele o culpado. Final de jogo, o empate com o Nacional, ficou para sempre na mente dos pebolistas da terra de Maravia, bom jogador, que por muito tempo, defendeu as cores dos times de quem quer, que fossem os donos.
Hoje, Brejo dos Santos se ressente, da falta de uma boa praça esportiva. Estão matando a alegria, do povo que habita a terra do futebol. É necessário urgentemente, o resgate do bom futebol para que BREJO, volte a sentir alegria e as tardes de domingo, agora tristes, escutem o grito de gol nas resenhas da voz do município, nas palavras puras e cristalinas do pai de Jaymaci Andrade, o Jaime que dava o tom de felicidade, à toda comunidade da terra do futebol.
“Ali a Bola Rolava com Alegria”
Texto: Pedro Alves Praxedes Neto (Professor Lé)
Colaborador: Professor Netinho
Arquivo e Fonte: Professor Netinho-3 de junho Esporte Clube
Arquivo e Fonte: Professor Netinho – Brejo dos Santos Esporte Clube
É pra arrepiar corações e matar a saudade, conheci alguns autores desta narrativa quando pelos anos de 1980 fui Extencionista da Emater naquele município
Nunca li nada igual 😍😍😍 obrigado Professor. Gratidão é a palavra, aéreos gratos a vc por toda vida🤝🤝
* seremos gratos a vc por toda vida
Prof. Pedro Neto, que carinhosamente conhecemos como Lé, agradeço as lembranças do meu primo Laércio Ferreira (In Memorian), grande atleta e incentivador do esporte amador de nossa região, e do meu sogro João Raimundo (Joãozinho da Rural, como era mais conhecido), que tornou-se conhecido em toda nossa região paraibana e na região do vizinho RN, pelo seu trabalho a frente do BSEC – Brejo dos Santos Esporte Clube.
Grande abraço, amigo Lé.
Prof. Josean Ferreira
Parabéns grande professor Lé por redigir uma matéria trazendo ao conhecimento do Brejosantense toda história do nosso futebol.Quem ler esse texto,com certeza se emocionará,pois narra a história do futebol de nossa terra desde os primórdios até os dias de hoje.Me emocionei e até me admirei com tamanha coerência aos fatos e nomes dentro do tempo,sem deixar ninguém de fora e sem trocar o jogador com sua época.Você,amigo professor,não é apenas um historiador e sim uma enciclopédia ambulante.Meus parabéns e gratidão 🙏,apesar de não fazer parte dessa história,apesar de meu esporte ser outro,mas não tem como não ser grato!
Fraterno abraço!!!
Sou a Nicole Souza, gostei muito do seu artigo tem muito
conteúdo de valor, parabéns nota 10.
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