Não gosto de comparações. É um assunto que não agrada-me! A conhece a mesma, quando é feita a escolha do melhor do mundo no futebol. Situação usada para pela mídia para inflacionar, o tão, já inflacionado esporte Rei.
Vamos voltar ao que interessa: Quem foi o melhor do nosso futebol? Nena ou Zé Cirne? Um fato que chama a atenção, quanto ao Campinense Zé Cirne, jogador oriundo do Planalto da Borborema, que decidiu enveredar pelo caminho do funcionalismo público, deixando de lado, o futebol profissional. Zé Cirne veio morar na longínqua Catolé Do Rocha, abandonando o Treze de Campina Grande.
É claro e evidente que existe uma explicação, para tal situação. O futebol não era rentável, até mesmo nos grandes centros futebolísticos, onde os jogadores não recebiam os salários exorbitantes, como acontece no futebol mundial. Aí, talvez esteja a explicação para a vinda de Zé Cirne, para a nossa Catolé dos cocos.
Não tive oportunidade de ver em ação, o craque Campinense. Só aportei em Catolé em 1968, e nunca tive a chance de visitar o Estádio Benedito Alves Fernandes, nesse período. Nena sim! Era um craque, o filho de Dona “Mocinha”. Dono de um drible fácil, e autor de tabelas fabulosas com seu irmão Diá. Nena marcou muitos gols, vestindo a camisa Tabajarina e de outros times do futebol paraibano, e até do estado do Ceará.
Edvan Nunes, Nena, fez história no futebol local e fora dele. Nosso craque, teve uma rápida passagem pelo Treze de Juazeiro do Norte ( época, ainda do futebol amador, na terra do Padim Ciço). Ele, Nena, teve uma contusão grave, e voltou para sua terra Natal. Ele esteve, defendendo ainda, o Campinense do Bairro de Zé Pinheiro, lá no Piemonte da Borborema.
Depois da passagem pelo time Cartola(CCC), Nena ainda teve uma temporada, atuando pelo time do Macaco autino, o Auto Esporte da capital das acácias , João Pessoa. Mas foi na equipe de futsal do Cabo Branco, que Nosso craque teve a grande chance de desfilar, todas as qualidades de seu grande futebol. Era atração, vestindo a camisa Cabobranquense.
O craque Catoleense, defendeu as cores da Seleção Paraibana Universitária, nos famosos Jogos Universitários Brasileiros, quando tinha, como companheiro de equipe, outro expoente do nosso futsal, conhecido em nossa cidade, com Bastião de “Manda”, que hoje reside na Capital de todos os paraibanos, médico bastante conceituado no seio da medicina Paraibana, Doutor Sebastião Pereira.
Voltando ao cenário futebolístico local, dava gosto, ver o filho de “Seu” Clóvis em ação. Eram duelos de “gigante” contra o excelente zagueiro Patoense “Pistola “,que tinha uma deficiência nos membros superiores. Outro que tratava uma batalha com nosso craque, era o excelente zagueiro Sousence, Chico de Dalva, que teve uma excelente passagem pelo Itabaiana de Sergipe, nos anos 70. Nena teve grandes desafios com Pelin, jogador da Sociedade Esportiva de Sousa. Eram tardes do verdadeiro futebol , apresentado no palco do Beneditao,que, teve seu nome mudado, sem nenhum explicação.
A notícia corria solta pela cidade: Nena chegou em Catolé. Aí, era só aparecer no campo do Tabajara e apreciar o bonito futebol, e o desafio com nossos zagueiros, entre eles, o grandalhão Zé de Amadeus do Bairro do Corrente, Nenê Três Litros de Leite( ele ingeria três litros de leite por dia), Chico de Boboi, João de Chareta e outros pebolistas de nossa cidade. Era difícil marcar nosso craque, que tinha como característica, o famoso drible de corpo.
Nena, era dono de um futebol requintado e cheio de lances de pura elegância. Sempre atuava nos treinos, vestindo um uniforme branco, talvez uma homenagem ao Rei Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Um fato interessante do nosso craque, quando atuava no campo do Tabajara( campo sem grama), é que, seu uniforme estava sempre limpo. Naquela época, o futebol não tinha a violência vista hoje nos campos da peleja.
Sempre que Nena visitava Catolé, um grande público, visitava as dependências do campo da Benjamin Constant. A torcida ficava maravilhada com os lances de mágica do nosso craque. Era o tempo de um grande futebol . O filho de Dona “Mocinha” e “Seu ” Clóvis, foi craque de verdade.
Para aqueles que tiveram a oportunidade de ver as grandes jogadas do nosso craque, hoje, apenas a lembrança das tardes de domingo.
O tempo passou, a bola parou, e o campo do Tabajara, sem a presença de Nena, está vazio. Não se escuta mais os gritos de gol, nas tardes quentes ou ensolaradas de domingo. O Tabajara, hoje está triste! Para os mais mais, apenas saudades. Para os mais novos, que não viram o brilhante futebol de Nena, tristeza !
Nena, engenheiro e pertencente aos quadros da Polícia Federal, tem seu nome lembrado, através de um jogo festivo, realizado no campo das Mangueiras, no município de Catolé do Rocha, onde nosso expoente no mundo futebolístico, é homenageado com o Troféu Nunes. Homenagem justa , para quem deu tantas alegrias ao nosso futebol.
O gol, alegria do povo, em Catolé tinha um nome: Edvan Nunes, NENA!
Texto: Professor Pedro Neto (Prof Lé): Zé Cirne ou Nena?