A Lagoa de Pedra, onde residiam meus familiares, era formada de vários laços de sangue. Muitos, eram os sobrenomes daquela localidade. Todos tinham suas origens. Mas uma pergunta fica no ar ou, ou na terra, chamada Lagoa de Pedra, que teve uma parte desmembrada, passando a se chamar então, Pedras Altas.
Como todos esses sobrenomes vieram se estabelecer na tão badalada Lagoa de Pedra? Ali perto, também existia o sítio Morada Nova, que foi propriedade do meu trisavô, Martiniano da Rocha Maia, que era filho de Francisco da Rocha Maia. Rochinha como era mais conhecido, era filho de Francisco Alves Ferreira Maia (foi assassinado pelo Português Tomaz Coxo que residia no sítio Maniçoba no município de Catolé do Rocha) e Ana Bela, descendente da família Rocha, que deu origem à nossa Catolé dos cocos.
Na parte oral da história, sempre esteve em evidência, que Rochinha (Francisco da Rocha Maia) havia sido criado por uma irmã sua, chamada Chiquinha do Mulungu, esposa de Joaquim Saldanha, oriundo do Riacho do Sangue situado na região do Jaguaribe, estado do Ceará. De minha parte, existia uma expectativa grande em torno do lançamento do livro sobre a família Saldanha, autoria de Galby Saldanha. Francisco da Rocha Maia não foi citado. Fiquei cético quanto aos detalhes referentes a existência do meu tetravô. O autor do livro que relata a história da família Saldanha, disse-me que não tinha conhecimento da existência do patriarca da Lagoa de Pedra.
Ainda, relacionando Rochinha com sua irmã Chiquinha do Mulungu, existia uma versão de que a mesma não aceitava o casamento do mesmo, fato este que teria causado um sério transtorno entre ambos. Na verdade, a história confirma que a esposa de Francisco da Rocha Maia, mudou seu nome, em decorrência de uma briga familiar. Ela era, realmente descendente da família Saldanha, mas é citada na literatura genealógica como Maria de Santana da Silva. Ora, o esposo de Chiquinha do Mulungu(filha de Francisco Alves Ferreira Maia), era Joaquim Saldanha, vindo do Riacho do Sangue no Vale jaguaribano. Então, ficará sempre uma versão, fortalecida ou desmentida por outras versões.
Na minha mente, povoada por fatos e versões, as interrogações são constantes. Por quê os filhos de Praxedes Alves Maia, também conhecido como Manoel Praxedes ou Praxedes Alves Português, casaram-se com filhos de Martiniano da Rocha Maia(meu trisavô materno), se ambos moravam em lugares distantes? Martiniano residia na Lagoa de Pedra no município Norte-Riograndense de Patú e Praxedinho na Ipoeira, município de Brejo do Cruz. Acontece, que existe uma explicação lógica para tal fato: Vicencia, filha de Vicente Alves de Melo e Luiza Maia, esposa de Martiniano da Rocha Maia, era irmã de Praxedes Alves Maia, casado com Maria Idalina da Anunciação, descendente das famílias Alencar e Targino.
Através de conversas com Vicente da Rocha Sobrinho (Vicentinho), neto de Martiniano e bisneto de Francisco da Rocha Maia, obtive uma informação preciosa, quando fui informado, que o casal, Rochinha e Maria de Santana é oriundo do Riacho do Sangue no Vale Jaguaribano. Fato este, justificável, já que, em 1824 os irmãos revolucionários Manoel Alves Maia (avô do Coronel Francisco Hermenegildo Maia de Vasconcelos, conhecido como Coronel Maia e na intimidade como Papai Maia), e Francisco Alves Ferreira Maia (meu Quintoavo) foram morar no Vale do Jaguaribe, em decorrência das perseguições de Tomaz Coxo, seguidor ferrenho da Monarquia. Naquela região, existiam integrantes da família Rocha, da qual era descendente, Ana Bela, também conhecida como Ana Gorda, mãe de Francisco da Rocha Maia.
Outro laço familiar existente na Lagoa de Pedra, envolvia a família Cesário, oriunda do Vale do Jaguaribe e os Nascimentos, vindos da Chapada do Podi, no Rio Grande do Norte e com ramificação também, no Riacho do Sangue. Ora, Cristina, segunda esposa de Martiniano da Rocha Maia, era irmã do velho Cesário, casado com Mariana da Rocha Maia, irmã de Martiniano. Cesário ( meu trisavô) era pai de Chico Cesário que era o pai de Luis Cesário, meu avô materno. Fato interessante em toda essa história, trata de Mariana, que era casada com Cesário, irmão de Cristina casada com Martiniano.
Uma história marcada por sangue, reinou numa Lagoa de Pedra, feita de dor e tristeza.
Num próximo texto, mais história que ficou na lembrança de tantos laços de sangue e famílias. E você entendeu?
Texto:Professor Pedro Neto (Prof Lé)