ATÉ TU, BRUTUS?!
A oportunidade me veio de seus lábios. E eu fui aceito em confiança, feito escultura de cuspe. À cada lição, a fortificação e o desprendimento… – Mas, nunca fui gênio; o que me fez pular do medo à ousadia.
Para não ficar orbitando, usei o seu pescoço em contrapeso; e fiz da sua imagem a minha semelhança. Assim, tomei tudo que era seu; aflição que carregava, em penitência. E todos os olhares eram de reprovação, como se aguardasse a única chibatada que Cristo não recebeu. Fel, cravo, crucificação, oração. Eu não queria o processo.
Vivo chefiado pelo meu erro. Escravo dos favores. Não grito. Não sinto apreço. Pareço zumbi. Diminuo-me ao final do expediente/dia. Até tú, Brutus? À cada punhalada a dor doía em mim… Mas, eu sabia que tinha que ser feito.
Quantos de nós se sacrificam na construção dos próprios atributos-valores? Aquele que faz o bem, é passivo do mesmo sentimento de aversão de quem faz o mal. Por isso, é importante a responsabilização de nossos atos, na formação do caráter. Qual cruz carrego primeiro?
Fiz deste mundo a minha precisão; e ele nunca será de leveza. Nem todas as vezes é possível eleger a justiça quando se trata de concorrência. Não foi crueldade… – E não há jugo para a inocência. Valho-me da misericórdia de Deus. Na minha infância, eu via nuvens de bichinhos inofensivos que me deturparam a consciência.
Por Misael Nóbrega de Sousa
Jornalista Misael Nóbrega
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Um texto arrebatador.