A mais nova composição do cantor paraibano Chico César, está dando o que falar. Sob o título “Bolsominions são demônios”, a música, que circula nas redes sociais, diz que “Bolsominions são demônios que saíram do inferninho direto pro culto para brincar de amigo oculto com satã no condomínio”.
Não julgo a composição, do ponto de vista estético com sua performance melódica, ou mesmo o artista já consagrado, pois a arte tem a licença poética e passeia por vários mundos, mas a letra que pela contextualização vai direto no coração da democracia, como uma flecha certeira.
Os Minions, são uma legião de ajudantes amarelos do vilão Gru, no filme de animação computadorizada: “Meu malvado favorito…” Aqui no Brasil, eles foram usados como referência para batizar os seguidores de Bolsonaro, chamados em tom irônico de “Bolsominions”.
Em artigo do site Extra, de abril de 2016, o jornalista Felipe Pena comparou os fãs de Bolsonaro aos Minions, dizendo que “seguem o líder, a quem chamam de mito, e dão vazão aos recalques narcísicos atacando as diferenças de grupos que elegem como rivais”.
Em tempos de ditadura militar várias canções marcaram época por denunciar o autoritarismo com letras e melodias contrárias ao regime político instaurado no país, que mais oprimia que libertava…. Muitas vozes foram caladas e artistas tiveram que ser exilados.
Um dos maiores hinos de resistência popular daquela época, “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, foi censurado após fazer muito sucesso. Sua letra convida e incita o povo a resistir, unir forças e lutar contra a violência.
“Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição, de morrer pela pátria e viver sem razão”.
Acho que a arte tem mesmo esse poder de arregimentar pessoas; de mudar comportamentos; de fazer com que pensemos a nossa existência e que marchemos feito resistência para mudar a nós mesmos… – Mas, só assim conseguiremos, não desqualificando a nós mesmos. Perdoe-me, Chico César.
Por Misael Nóbrega de Sousa