Atual presidente, que herdou o cargo com a renúncia de Sérgio Meira, Orlando busca a reeleição. Já Alexandre é o nome escolhido pela oposição para grupo tentar retornar ao poder
Como já se previa há alguns meses, a eleição do Botafogo-PB deve mesmo ter batida de chapa. De um lado, Orlando Soares, o atual presidente, que vai em busca da reeleição no clube. Do outro, Alexandre Cavalcanti, ex-vice-presidente jurídico do Belo, que será o candidato da oposição, grupo que busca retomar o poder no time paraibano. As eleições para presidente do clube acontece no dia 25 de outubro.
Em 2019, os grupos políticos, que já estiveram juntos, começaram a se desentender. Em novembro do ano passado, a relação estremecida foi publicizada, com troca de farpas entre dirigentes dos dois grupos. As maiores discussões envolviam Breno Morais, atualmente na oposição, e Sérgio Meira, presidente que renunciou neste mês.
A partir dali ficou clara uma situação de instabilidade política no Botafogo-PB. Nos últimos meses foi tentada uma reconciliação, que tinha Sérgio Meira e o ex-presidente Nelson Lira, da situação, e Alexandre Cavalcanti, da oposição, como interlocutores. Um acordo chegou a ser selado, entre, em tese, os dois grupos, onde ficou decidido que a oposição iria comandar o departamento de futebol.
Isso incomodou os apoiadores de Sérgio Meira, que têm ressalvas à volta de Breno Morais ao clube, e que não queriam dispor de informações financeiras para a oposição. Eles revelaram que o ato de Sérgio era isolado e que não contemplava o grupo que o apoiava. Seu vice, Orlando Soares, inclusive, criticou o acordo, dizendo que ele dava todo o poder na instituição para a oposição.
Um dia após o acordo, por conta de muitas pressões de seus aliados, Sérgio Meira renunciou e, com isso, a oposição desfez a conciliação, alegando que, com a renúncia, não havia mais acordo. Orlando Soares assumiu o cargo maior do clube e, nesta terça-feira, decidiu ser o candidato da situação nas eleições de outubro.
Alexandre Cavalcanti
O nome da oposição é um dos mais bem quistos por novos e antigos dirigentes por conta de seu perfil conciliador. Alexandre Cavalcanti tem 41 anos, é advogado e já foi vice-presidente jurídico no clube, na gestão de Zezinho Botafogo, eleita em 2016, que comandou o clube em 2017 e 2018.
O dirigente foi afastado do cargo pela Justiça nos desdobramentos da Operação Cartola, que investigou um suposto esquema de manipulação de resultados no futebol da Paraíba. Alexandre, no entanto, virou réu na esfera criminal por conta de uma denúncia sob outra perspectiva. O dirigente foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente ajudar a falsificar um Boletim de Ocorrência para que o clube pudesse se defender de uma acusação que poderia tirar mandos de campo do clube no Campeonato Paraibano.
Orlando Soares
Com outro perfil, a situação aposta no nome de Orlando Soares, de 62 anos, que vai em busca de sua reeleição. Segundo Orlando, ele está no clube desde 1986, quando foi chamado pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo do clube, Francisco Assis, que morreu em dezembro de 2017.
Assim como o seu tutor, Orlando é natural de Sapé. Aos 12 anos chegou em João Pessoa e começou a sua relação com o clube como torcedor. Mais recentemente esteve próximos às instâncias de poder e foi eleito vice-presidente do clube nas eleições de 2018, na chapa de Sérgio Meira.
Assumiu o cargo de mandatário do Botafogo-PB com a renúncia de Sérgio Meira e foi escolhido pelo grupo da situação para ser o candidato do grupo nas eleições de outubro. O dirigente prega o diálogo no clube e garante que o projeto da atual gestão é o melhor para o Botafogo-PB.
– Eu nunca tive pretensões políticas. Ajudo há muito tempo o clube, as gestões, mas nunca quis ser da linha de frente. Agora temos um projeto que queremos continuar. Sentamos, conversamos e ficou definido que serei o candidato. Eu estou nessa porque confio no trabalho do grupo, sei que tudo está sendo feito da maneira correta. Eu não ia colocar meu nome nisso se eu não tivesse certeza disso – avaliou o engenheiro civil, que atualmente trabalha como funcionário público.
A eleição do Botafogo-PB é realizada em dois momentos. No segundo domingo de outubro acontece a eleição do Conselho Deliberativo. Os sócios com direito a voto elegem de 20 a 50 conselheiros, que vão se reunir aos conselheiros natos (sócios honorários, beneméritos e ex-presidentes da executiva) na nova composição do CD.
A expectativa é que haja, depois de muito tempo, duas chapas para Conselho inscritas, uma da situação e outra da oposição. Os dois grupos garantem que vão inscrever chapas com 50 candidatos, cada. Os grupos têm até dia 1º de outubro para registrar as chapas, visto que a eleição do CD será no dia 11. Os sócios aptos votam nos conselheiros independentemente de chapa. Os 50 mais votados – caso haja mais de 50 candidatos – são eleitos.
Na quarta semana de outubro é a vez do Conselho Deliberativo (eleitos e natos) eleger o presidente e o vice do clube. A tendência é uma disputa entre Alexandre Cavalcanti e Orlando Soares. O vice de Orlando deve ser Luciano Wanderley, atual presidente do CD. Já a oposição ainda não definiu quem será o vice da chapa.
As chapas que quiserem se inscrever têm até 72 horas antes do pleito para registrarem a candidatura. A eleição para presidente neste ano está marcado para o dia 25 de outubro.
Por pedro Alves