Queda precoce na Copa do Brasil frustra expectativa financeira e pode comprometer orçamento. Em campo, time precisa se reinventar, e no clube aumenta a insatisfação interna com o treinador
A inesperada eliminação do Fluminense para o Atlético-GO na Copa do Brasil – a segunda desclassificação precoce na temporada depois da queda na primeira fase da Copa Sul-Americana diante do modesto Unión La Calera, do Chile – foi um duro golpe a ser assimilado nas Laranjeiras. Daqueles que levam à lona, fazem o juiz abrir contagem e deixam estragos.
A derrota por 3 a 1 no Estádio Olímpico de Goiânia (veja os lances no vídeo acima), na última quinta-feira, abalou as estruturas de um clube que tenta se reconstruir. A era dourada da época da Unimed, que rendeu os últimos grandes títulos tricolores, acabou no início da década passada. E a realidade atual, bem mais humilde, sofre muito mais com os impactos de tropeços fora da curva.
Impacto financeiro
Os primeiros sintomas da recente eliminação são financeiros e causam um rombo no orçamento. Nos cálculos previstos pela diretoria em 2020, feitos já após a queda na Sul-Americana, foi orçada uma premiação de R$ 11,8 milhões na Copa do Brasil. Para atingir esse valor, o clube precisaria chegar às quartas de final da competição, mas acabou caindo antes mesmo das oitavas. O lucro obtido até a quarta fase do torneio foi de R$ 5,9 milhões, praticamente metade da estimativa.
Odair Hellmann foi contratado com base no seu trabalho de reconstrução do Inter, quando tirou o clube da Série B e levou até a Libertadores. O técnico tem a confiança do presidente Mário Bittencourt e do diretor executivo Paulo Angioni, que inclusive estavam em Goiânia com a delegação tricolor. Mas o foco de insatisfação internamente aumenta em outras frentes no clube.
Nos corredores das Laranjeiras, já há muitos críticos ao trabalho do treinador, ainda mais com opções disponíveis no mercado, como por exemplo Tiago Nunes e Roger Machado. Por ora, Odair continua e inclusive tem indicado reforços para o Fluminense, como por exemplo Danilo Barcelos, que já chegou, e Lucca, que tem negociações avançadas com o clube.
A pressão externa também aumenta. Há duas semanas, um grupo de tricolores fez um protesto com faixas e “gritos de guerra” contra a direção e Odair na porta das Laranjeiras. E na madrugada desta sexta-feira, cerca de 100 torcedores ignoraram a pandemia e foram ao Aeroporto do Galeão para fazer novo protesto na chegada do time, que retornou em voo fretado ao Rio de Janeiro por volta das duas horas da manhã. Outras mobilizações podem acontecer nos próximos dias.
Odair tenta absorver as críticas, evita culpar jogadores por erros individuais e assume a responsabilidade diante das câmeras. Na entrevista coletiva após a eliminação, disse:
– Não responsabilizo jogador, nem o grupo. A responsabilidade é minha pelas decisões. Futebol é um esporte de erros e eu estou atento a todas as situações. Eu tento passar confiança aos jogadores.
Por mais que tenha a confiança da direção, Odair sabe que futebol é resultado. E um novo tropeço diante do Coritiba na próxima segunda-feira, às 20h (de Brasília), no Estádio Nilton Santos, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro, pode aumentar ainda mais a pressão sobre si.
Por Paula Carvalho e Thiago Lima