À espera de milagres impossíveis (por Magno Martins)

(Recife-PE) – As convenções partidárias destinadas a homologar candidatos às eleições municipais de novembro próximo começaram dia 31 passado, mas a maioria deixou o evento para o último dia, quarta-feira da semana que vem. A estratégia é ganhar tempo em busca de um milagre. Este milagre vale, principalmente, para o bloco de oposição, que rachou ao meio, mas o democrata Mendonça Filho, que conquistou a maioria com a adesão do PL, espera o Cidadania, de Daniel Coelho, e o PSC, de André Ferreira.

Esta é a unidade dos seus sonhos, porque é capaz de pavimentar sua ida ao segundo turno. Raivoso, Daniel não deve ir para o palanque de Mendonça nem tampouco para o de Patrícia Domingos, do Podemos, para quem havia sinalizado. Não porque não seja seu desejo. Simplesmente a delegada ignorou o seu isolamento e não o procurou. Deu provas, assim, que não é do ramo da política. Se assim fosse, estaria aos pés de Daniel implorando o seu apoio.

Mas, provavelmente, a delegada queira se apresentar como a cara da nova política e Daniel, para ela, talvez seja um legítimo representante da velha política. Não sabe Patrícia que a política é soma, não subtração. Isolada, não vai a lugar algum, mesmo que hoje pontue na faixa dos 10% nas pesquisas. No caso do PSC, parece irremovível a pré-candidatura de Alberto Feitosa, até porque já tem o aval de André Ferreira para a convenção em data a ser marcada.

Feitosa alimenta expectativas de contar em seu palanque com o PTB, chances que surgiram depois do presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, baixar uma resolução proibindo alianças com o DEM, o PSDB e os partidos comunistas. Aliados de Mendonça, entretanto, garantem que ele conversou com Jefferson na semana passada, em Brasília, e deste recebeu a garantia de que o partido está comprometido com a sua candidatura.

João Campos, do PSB, e Marília Arraes, do PT, igualmente deixaram suas convenções para o último dia, a espera não se sabe do quê. Porque Marília não atrai mais nenhum partido. Seu vice deve sair do Psol, o que, convenhamos, não deve ser uma boa indicação, alguém que tenha estatura e capacidade para substituí-la num eventual afastamento, especialmente em 2022, caso tenha projeto de disputar o Governo do Estado.

Já João aguarda o PDT. A saída que encontrou para evitar a candidatura de Túlio Gadêlha foi oferecer a vaga de vice ao partido, mas esbarra na falta de quadros. Gadêlha, a quem caberá a indicação, além de não querer indicar o nome para compor a chapa, não tem ninguém do seu grupo com tal perfil, o que leva MDB e PP, que têm muito mais quadros qualificados, a avocar para si o direito da indicação.

Ainda em relação a Daniel, o que se diz é que anunciará um candidato faz de conta para tentar eleger uma bancada de vereadores, seguindo o exemplo do presidente do PSL, Luciano Bivar. Esta e a próxima semana serão decisivas para o clareamento e o afunilamento do processo eleitoral na capital pernambucana.

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