Ministro Celso de Mello é relator do inquérito sobre a interferência do Palácio do Planalto na Polícia Federal.
O presidente da República Jair Bolsonaro considera que o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Celso de Mello, e o ministro Alexandre de Moraes conduzem com motivação política investigações que podem chegar a resultados fatais para o governo. Por isso, colocou ambos no alvo de seus ataques. Neste domingo (24), Bolsonaro compartilhou um artigo da lei de abuso de autoridade, em indireta a Mello.
Reportagem da Folha ressalta nesta segunda-feira (25) que os inquéritos mais relevantes que podem causar estragos a Bolsonaro estão nas mãos deles: com Moraes, o das fake news, que tem bolsonaristas como alvos, e com Mello, o da tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
A coluna relembra que Bolsonaro atacou Moraes ao menos duas vezes recentemente: disse que ele toma decisões políticas e que só chegou ao STF por amizade com Michel Temer (MDB). Ele também acha que a proximidade que Moraes teve com o PSDB perdura e influencia suas decisões.
Bolsonaro não perdoa Alexandre de Moraes por ter impedido a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo de seus filhos, para a direção-geral da PF.
Simultaneamente, Bolsonaro aposta em uma articulação política com o presidente do STF, Dias Toffoli, para minimizar os danos das suas ações contra o Poder Judiciário.
Ao publicar neste domingo (24) um trecho da lei de abuso de autoridade, Jair Bolsonaro deu o sinal de que vai continuar atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) que deve ter como principal alvo o decano Celso de Mello, relator do inquérito sobre a interferência do Palácio do Planalto na Polícia Federal.
Reportagem dos jornalistas Gustavo Uribe, Bernardo Caram e Paulo Saldaña da Folha, assinala que Bolsonaro está elaborando com assessores e aliados uma estratégia que consiste em acusar o ministro Celso de Mello de tomar decisões não razoáveis, exageradas e baseadas em motivações políticas para prejudicar Bolsonaro. Tudo isso para caracterizar a suspeição do decano do STF.
A reportagem aponta, por outro lado que a decisão de enfrentar o ministro Celso de Mello não é consensual no Palácio do Planalto, onde há também o temor de que ataques duros despertem sentimento de união da corte, estimulando uma resposta conjunta, o que prejudicaria o governo.