Quatro ciclistas recebem apoio de colegas em Canguaretama (RN) no início da viagem — Foto: Divulgação
Um trajeto de mais de 2,5 mil quilômetros para percorrer em 20 dias de estrada. Tudo isso de bicicleta. É dessa forma que quatro ciclistas iniciaram o ano de 2024 no Rio Grande do Norte: saindo de Natal, capital do estado, com destino ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.
A viagem começou na madrugada desta terça-feira (2), por volta das 4h. A previsão de chegada é no dia 21.
O quarteto é formado pelos potiguares José Laércio Gomes (61), Augusto Dantas (52) e Zito Dantas (71), e pelo paraibano Sebastião Azevedo (63).
O grupo é apaixonado pelas “cicloviagens” – termo criado para os apaixonados por longos percursos de bicicleta. Em comum, também carregam o amor pelo desafio e a fé católica, que motivou o destino final dessa viagem.
Considerado uma espécie de líder do grupo, José Laércio tem vasta experiência em viagens de bicicleta de longa distância. “Eu faço bastante esses pedais que eu chamo de pedal da fé”, resumiu.
Sobre as duas rodas da bicicleta, ele já conheceu as estátuas de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz (RN), e de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE), e também visitou a Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, em Belém (PA).
“Na realidade, eu faço esses pedais de agradecimento, gratidão. Agradecer por nossas vidas, nossas coisas”, falou.
Toda a preparação física foi feita com treinamentos constantes durante o ano. Mas a cabeça também vai precisar estar bem, conta Laércio, para suportar as dores e dificuldades nesses dias, além de um olhar atento para os perigos das rodovias.
“É esquecer que existe sol, chuva. Mas o nosso maior desafio mesmo é a estrada. A gente tem que andar com cuidado com os carros. Não é brincadeira”.
Laércio, Sebastião e Zito quando pegaram a estrada para Natal, de onde iniciaram a cicloviagem — Foto: Divulgação
Incentivo
Laércio acabou se tornando também uma referência nesse tipo de viagem para amantes do esporte. “Sou seguidor dele e admiro muito as cicloviagens que ele realiza”, contou Sebastião Azevedo, que vai na sua primeira missão com o grupo.
Ciclista de Mountain Bike há cerca de quatro anos – e de tantos outros pelas ruas da cidade -, recentemente ele começou a fazer as cicloviagens. “Já fui de Tenório (PB) para Juazeiro do Norte (CE) com um amigo da minha cidade”, explicou.
Ele conta que está aproveitando as férias para fazer essa viagem, assim como o próprio Laércio, que em janeiro do ano passado colocou como objetivo viajar até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida neste ano.
“A ideia é sempre incentivar outras pessoas a participarem desse tipo de pedal. Incentivo a pessoas a conhecer novos lugar, a novas pessoas”, falou.
Laércio tem experiências em viagens de longa jornada e é referência no grupo — Foto: Divulgação
Zito Dantas, de 71 anos já foi sete vezes para Juazeiro do Norte de bicicleta, mas terá, dessa vez, a maior distância que irá percorrer numa cicloviagem.
Ele começou a pedalar há cerca de 10 anos, influenciado pelo filho mais novo, João Paulo. “Meu pai sempre foi muito desportista. Ele me viu pedalar e se inspirou, comprou uma bicicleta e pegou gosto”, contou o filho.
Entre os problemas que já teve que superar esteve um atropelamento na BR-226 em outubro de 2017. Na época, quebrou o braço e a bacia. “A recuperação foi rápida e em maio do outro ano ele voltou a pedalar. Em novembro, já foi para o Juazeiro do Norte”, disse João Paulo.
Preparação
O grupo pretende pedalar em média 180 quilômetros por dia – durante 20 dias sem parar. A tendência é começar sempre por volta das 4h e terminar às 17h ou, no máximo, 18h, para descansar em seguida em pousadas pelo meio do caminho.
“Evitando sempre pedalar a noite. A gente só pedala quando realmente tiver algum imprevisto”, contou José Laércio.
Como treino, a recomendação era uma prática de longa distância a cada 15 dias. “Um pedal de 150 quilômetros ou dois dias seguidos de 100 quilômetros, que é pra treinar e organizar o tempo de pedal”, explicou José Laércio.
Uma outra etapa do treino era medir o peso que será sentido durante o trajeto com o material levado. “Sempre tentamos botar um alforje para sentir o peso de um pedal dois dias seguidos. Entender o peso da bicicleta”, pontuou.
Para evitar problemas, todas as bicicletas foram revisadas antes da viagem e receberam equipamentos novos.
“A gente está sempre cuidado pra que se evite quebras desnecessárias por falta de manutenção. Isso tem que ser o básico”, contou.
Com o equipamento em perfeito estado, preparação em dia, o que resta é manter o foco no desafio. E isso é feito, segundo Laércio, “com muita fé e muita coragem”.
Grupo recebe apoio no caminho de outros ciclistas — Foto: Divulgação
Fonte e Créditos Portal G1
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