Valores incluem movimentações suspeitas de pagamento de propina para acobertar doping de atletas russos e para comprar votos para Rio de Janeiro e Tóquio na eleição de sedes olímpicas
As investigações das autoridades francesas sobre Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (hoje com a sigla WA em inglês), e Papa Massata Diack, filho de Lamine e ex-dirigente de marketing da entidade, analisam movimentações de mais de US$ 55 milhões, mais de R$ 305 milhões na cotação atual.
Extratos obtidos pela rede americana NBC News mostram 112 transações de entrada e saída de dinheiro de contas supostamente controladas pela família Diack. Nesse total estariam os montantes citados previamente como suspeitos de ser propina para acobertas doping de atletas russos e de comprar votos para as eleições de Rio de Janeiro e Tóquio como cidades-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 e 2020, respectivamente.
Papa Massata e Lamine Diack são considerados peças-chave no esquema de corrupção na escolha das sedes olímpicas. Lamine era membro votante do Comitê Olímpico Internacional (COI) e figura influente sobre outros dirigentes votantes do continente africano, com capacidade para negociar apoio em troca de favores ou dinheiro.
Nesta sexta-feira, Lamine Diack voltou a ser interrogado por um juiz francês para prestar depoimento sobre acusações de corrupção na escolha de Tóquio como sede das Olimpíadas de 2020. O comitê de candidatura é acusado de ter transferido US$ 10,5 milhões, cerca de R$ 58 milhões, para empresas do exterior durante o processo em 2013.
Dentro deste valor, US$ 2 milhões (R$ 11 milhões) foram depositados na conta da empresa de consultoria Black Tidings, com sede em Cingapura. A companhia teria repassado US$ 370 mil (R$ 2 milhões) para Papa Massata e para uma empresa que pertence a ele, PMD Consulting Sarls. Os pagamentos teriam ocorrido entre agosto de 2013 e janeiro de 2014.
Ex-presidente do Comitê Olímpico do Japão e chefe do Comitê de Candidatura de Tóquio 2020, Tsunekazu Takeda também é investigado por supostamente ter autorizado pagamentos à empresa Black Tidings. Todas as partes negam qualquer irregularidade.
Na semana passada, Lamine Diack foi condenado pelas autoridades francesas a dois anos de prisão por corrupção no escândalo de doping da Rússia. Como tem 87 anos, o senegalês deve ter a prisão relaxada. Papa Massata foi condenado a cinco anos, mas está no Senegal e se recusa a cooperar e ser extraditado.
Por redação do Ge