Leia mais um texto memorável do Professor Pedro Neto (Prof. Lé): Já vai Major!?

Já vai Major!?

João Alexandre do Castanho! Figura interessante e excêntrica esse João! Caso, Maurício de Sousa tivesse conhecido João, com certeza, ele estaria nas páginas da Dentuça e sua turma. João, certamente formaria dupla com Cascão. Mas, não é sobre sobre a higiene do embaixador do Castanho, que eu quero falar, apesar dele ter ficado três dias numa cela da cadeia pública de Catolé do Rocha, sem ver ou sentir o frescor do líquido precioso. Aí fica uma dúvida: Será que João ficou agradecido ou chateado?

Na verdade, como João não era muito chegado a um banho, preferia nas caladas da noite, circular pela cidade, recebendo a brisa fria e aconchegante. Foi aí que o homem da régua se defrontou com um fato picante, inusitado e alarmante: Na calçada lateral da da igreja matriz, um casal se deliciava num momento de novela global. Dúvida na mente de João! Seriam duas mulheres? ——ambos ou ambas usavam vestidos. Agora, confusão na mente do andarilho!

Depois de muita confusão, João, que era Alexandre, mas não era o “grande”, decidiu dissipar sua sua dúvida. Escondido, ele descobriu o verdadeiro quadro negro do amor, pintado por quem não podia pecar.

João, que não era “baú”, soltou o verbo, ou melhor, “destravou a matraca”, e os bochichos circularam rapidamente nas rodas de fofocas. Depois de muita conversa, João “pagou o pato”, isto é, sem provas e testemunhas, foi parar numa cela, suja, fria e sufocante da cadeia pública. Esse, era o prêmio, por ser testemunha ocular e individual. Bem que João deveria ter ficado calado!

Enquanto as fofocas circulavam soltas pela cidade, mestre João do Castanho, com fome e sede, continuava trancafiado. De repente, surge uma ideia na cabeça de Alexandre do Castanho: ” Vou pedir socorro ao Coronel João Agripino. Ele pode me tirar daqui!——–João era número ímpar! Ele quando ia medir um terreno, sentado no chão, usando um rolo de papel madeira e um lápis por trás da orelha, dizia orgulhoso: “Comigo é assim! Pode trazer terreno que João mede!” ——- Estava ele, João, perdido nos seus pensamentos, quando ouviu o ranger da pesada porta da cadeia, que sempre, era aberta e fechada pelo Delegado, que adorava tomar um “engasga gato” no boteco, localizado em frente à Delegacia. Aí, João ouviu uma voz que dizia: “Por quê está preso João Alexandre?—–De imediato, ele viu a figura de João Agripino, e, entre tenso e aliviado, certo de que sairia da prisão, respondeu, cheio de “autoridade” : ” Estou preso porque falei a verdade Dr. João “——Aí, o Coronel João Agripino: ” Alexandre, a verdade nem sempre pode ser dita. Quer sair da cadeia João?”——João Alexandre, feliz, disse: “Só se for agora! E garanto ao senhor, Coronel Dr João Agripino, que nunca mais, vou olhar igreja a noite. Rezar agora, só durante o dia.” O Coronel João Agripino, pegou as chaves das celas que estavam penduradas numa parede, abriu a porta e disse: “Vai João, e cuidado, pois a verdade nem sempre pode ser dita.”

João Alexandre do Castanho, liberado, saiu batendo a poeira e “doido para encher a pança!——-E o banho? Ah, esse pode esperar, pensava ele, quando ouviu a voz de Delegado: “Já vai Major?”——–João (Alexandre), surpreso, falou: ” há pouco tempo, eu estava com fome, sede e sujo. Agora já sou Major!? O que é que não faz a força de um Coronel! —— O Delegado, tomou outra pinga, limpou os “beiços” com a manga da camisa…Voltou para o boteco, e pediu mais uma dose (ele nunca pagava!). E João, feliz, foi se preparar para fazer a variação da cidade. Este era seu dever. E aí, ele ainda com medo, disse: ” Curioso, nunca mais!”

Texto: Professor Pedro Neto (Prof. Lé): Já vai Major!?

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