Vídeo compartilhado nas redes sociais através de denúncia anônima mostra o que seria uma funcionária do Treze cobrando R$ 152 por um lugar nas Cadeiras no jogo contra o Campinense
O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) abrirá um inquérito policial para investigar uma suposta venda de “ingressos” para torcedores em um jogo válido pela Série D do Campeonato Brasileiro no estado. Vale lembrar que, por conta da pandemia, os jogos de futebol das competições nacionais seguem com proibição de público nos estádios, mas uma denúncia anônima indica que o Treze, mandante no jogo do domingo, contra o Campinense, no Amigão, em Campina Grande, negociou vagas no setor das Cadeiras.
Um vídeo compartilhado nas redes sociais — através dessa denúncia anônima — mostrou o que, em tese, seria uma funcionária do Treze negociando com um torcedor a venda de uma vaga no setor das Cadeiras do Amigão. O valor da entrada era de R$ 152, e o torcedor teria acesso ao estádio como convidado do clube. Ainda de acordo com as imagens, o ato ilícito teria acontecido com a conivência da Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB).
O Treze recebeu o arquirrival Campinense para um duelo pela rodada #10 do Grupo 3 da Série D. Na semana que antecedeu o confronto, que terminou empatado em 0 a 0, o vídeo com a denúncia anônima foi amplamente compartilhado em aplicativos de mensagens, mostrando como funcionou o suposto esquema para a negociação de um lugar entre os convidados do clube mandante para o Clássico dos Maiorais. Importante ressaltar que o Governo da Paraíba é um dos que mantêm, através de decreto, o veto ao público nos estádios.
Pelo protocolo da CBF, cada clube pode levar 80 pessoas no total da delegação, contando com profissionais que entram em campo, além de dirigentes e alguns convidados. Esse número foi aumentado recentemente, já que, há algumas semanas, as equipes poderiam levar 50 pessoas. No vídeo, o espaço para os convidados estaria sendo ofertado para os torcedores que quisessem rever o seu time no estádio, algo que a pandemia da Covid-19 vem comprometendo desde o primeiro semestre do ano passado.
O esquema teria funcionado da seguinte forma: o torcedor se desloca para alguma loja do clube, informa a documentação necessária e efetua o pagamento no valor de R$ 152. Nas imagens, é possível ouvir a suposta funcionária do Treze informando que a própria instituição teria um profissional controlando essa entradas dos torcedores e ainda contaria com o auxílio de um funcionário da FPF-PB.
A história ganhou repercussão nas redes sociais, chegando ao Ministério Público da Paraíba. O procurador de Justiça Valberto Lira, então, se manifestou sobre a denúncia anônima e garantiu que o órgão vai abrir um inquérito para investigar a situação. Demonstrando indignação, Valberto afirmou que, em se confirmado o ato ilícito, os dirigentes envolvidos vão responder judicialmente pelos crimes.
— Infelizmente, nós estamos constatando que o futebol do nosso país está se tornando um caso de polícia, e a Paraíba não fica atrás. Está circulando um vídeo e alguns áudios de um clube da cidade de Campina Grande colocando ingressos à venda. O áudio é muito explicativo: o torcedor entrará como convidado do clube. Quer dizer, uma artimanha criminosa. Eu quero afirmar que estaremos adotando as providências legais. Vamos instaurar um inquérito policial contra o clube e os seus dirigentes, pois isso acontece com a conivência do dirigente do clube. Tudo isso será apurado, e os envolvidos vão ser punidos. Os dirigentes dos clubes da Paraíba envolvidos nesses atos terão que ser punidos. Porque ações criminosas não serão toleradas — disse Valberto Lira, procurador do MP-PB.
O procurador ainda aproveitou para lamentar a sequência de notícias policiais envolvendo o futebol da Paraíba nos últimos ano. Em 2018, a Operação Cartola, que investigou corrupção nos jogos do Campeonato Paraibano, repercutiu em todo o país. Além disso, na atualidade, a maioria dos clubes da 1ª divisão do estadual estão impossibilitados de receber o auxílio do programa de incentivo ao esporte do Governo da Paraíba devido a polêmicas relacionadas a desvio de verbas no Gol de Placa, que era o antigo dispositivo governamental de apoio ao esporte.