Por Misael Nóbrega: 8 de Março.

UMA POR DIA… 8 de março*

A mulher é o próprio entusiasmo fecundo. E me calar é pecado. Há luta em toda a trajetória de sua vida-semente. Não julguemos a mulher. Ela é a dúvida que não necessita de resposta. A mulher não nasceu da costela de nenhum Adão. Ela pariu ela mesma. A mulher também não foi anunciada pelas trombetas de Querubins. O seu motivo foi de exultação interior. Adveio do seio do mundo. Sem alarde. E se fez mistério. A mulher é a confissão da resistência, feito biografia: Joana d’ arc, Evita Perón, Anita Gari-baldi, madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce, Rosa Luxem-burgo, Maria Quitéria, Chiquinha Gonzaga, Tarsila do Amaral, Cecília Meireles, Olga Benário, Frida Kahlo, Margarida Maria Alves… E é ainda, penitência, grata existência. – E destaco Nossa Senhora, Santificada e cheia de Glória em respeito cristão. Não havia mesmo porque se esconderem. Atribuíram métodos as suas causas, sem precisar de glamour, e desafiaram o convencionalismo. Lutaram contra a sociedade machista, escravocrata, preconceituosa e ignorante, muito mais pela verdade que pela doação de si mesmas. Elas não queriam ser mártires. Não houve nenhum tipo de sortilégio. Aquilo foi amor. A experiência foi o grito: dilacerante e humilhante, mas que ainda ecoa. E nem mesmo mil vezes mil atos de amargura serão suficientes para amordaçá-las para sempre. Tivemos um episódio inventa-do onde, em 1857, cento e trinta funcionárias de uma fá-brica têxtil, nos EUA, teriam morrido incendiadas, em meio a uma greve por melhores condições de trabalho. Tal mito surgira do cruzamento de vários fatos, dentre eles: um incêndio real ocorrido na Companhia de Blusas Trian-gle, em 1911, em Nova York, no qual 146 pessoas morre-ram, sendo 125 mulheres, induzindo-nos a voltar às nossas atenções para a mulher, em cada 8 de março, paramos para lembrar as mulheres que morreram empunhando a bandeira da igualdade, num obituário de intento memorial. Como se precisasse… Esse agravo não é muito diferente da historieta da viúva de sobrenome Consolação, que, nascida na periferia da vi-da, tem a missão de continuar resistindo em sua lida diária para que compreendam que não se trata de convenção, mas de respeito… – E há uma legião silenciosa dessas mulheres simples – E esse silêncio sustenta o mundo. Não é sujeição, é virtude. Elas fogem da noite, cobrindo-se com o dia. E a luta que travam vem pelo exemplo. E a cada hora um sem número delas vira espelhos de Cristo. Onde fica o muro das la-mentações de todas as Marias do mundo? Em todos os cantos do mundo. Mas, não há choro e ranger de dentes. Pobre humanidade que teme a si mesma; como se isso não fosse vaidade. Em todas as épocas, mulheres se em-penham em favor de um ideário, numa metamorfose de casulo à mariposa. (…) E, voam, insistentemente, na di-reção do fogo, pois esse é o preço que se paga pela liber-dade.

*Misael Nóbrega de Sousa

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