A antecipação do voto é uma ação democrática e de livre iniciativa, mas, no mínimo, temerária. As passeatas, por exemplo, são um atentado ao processo eleitoral. É quando os partidos usam os eleitores como escudos. Essas declarações, disfarçadas de alegria, dar-se-ão pela continuação da vida miúda. A rua deveria ser palco apenas das indignações – Ali, as verdadeiras manifestações. Devíamos nos opor à opressão, não aceitar o favorecimento pessoal.
As aparições políticas são patrocinadas pelo poder. Prevalece quem tem uma maior estrutura de campanha. E não é demais lembrar que tudo é financiado com dinheiro público. Nada é de graça numa campanha eleitoral. E nessa guerra, o marketing agiganta os homens… – Para fixar na mente do eleitor um conceito, que sem “a voz rouca das ruas”, aparenta-se invencível. E naqueles cartazes espalhados pelos logradouros, a contrapropaganda é a cara do eleitor. Além de prometerem “mundos e fundos”, Fake News são produzidas em gabinetes de ódio para semear a discórdia e nos confundir.
O plano de governo – Que mesmo técnico, padronizador e uniformizador, – Ainda é uma plataforma de balizamento, mas ninguém parece querer debater propostas. E esse é o pior dos processos eleitorais. A resistência está entregando os pontos. E é sabido que o Estado se relaciona/responde à pressão ou à ausência de pressão social. A propaganda gratuita e os debates midiáticos, além de outras divulgações permitidas, deveriam ser melhor aproveitados, sim; não descaracterizados ao ponto de virarem palcos de chacotas.
A política é um construto social. O sufrágio é dever cívico, mesmo que obrigatório. Na relação com a urna, apenas o silêncio. Mas, eu já me disse em quem votar. Antecipei-me as previsões. Fiz votos de uma mentira… – Anulei-me. Nós sabemos quem são os maus candidatos. Porém, o quanto somos independentes? A paixão devia ser abolida e apenas a razão permitida. Como não nos constranger diante de um crime eleitoral? Como ignorar os fatos? Como querer justificar com o “rouba, mas faz”? Essas posições passionais apenas nos diminuem.
Escuto falar que o voto é consequência, mas, antes, é consciência. É esperança, não uma espera. É uma causa, é uma luta. É cobrar de si mesmo e de todos. A compra do voto ainda é prática vicejante porque vendemo-nos a nós mesmos. Não há inocentes na política… – Corruptíveis e corruptores agem livremente. “Métodos vis podem nos conduzir ao poder; mas, não à glória!”. O processo é que está podre.- “Santinhos” em profusão revoam à esquina numa inusitada confluência de legendas. Na varrição costumeira de cada manhã, o destino é a lata do lixo.
Por Misael Nóbrega de Sousa