O ex-guerrilheiro uruguaio, Jose ‘Pepe’ Mujica, à época em que foi chefe de Estado de um dos países mais pobres do continente, doava 90% do seu salário e levava uma vida de pouco luxo. “Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com bem menos”. Além da casa, seu único patrimônio era um velho Volkswagen, cor celeste.
Segunda-feira (03), a imprensa provinciana veiculou a matéria: “Os marajás da miséria”, que dizia que prefeitos paraibanos recebiam até R$ 288 mil reais, por ano. E assim como se joga “merda no ventilador”, a notícia foi replicada por vários portais, gerando centenas de compartilhamentos.
O gestor mais bem pago da Paraíba é de um lugar com cerca de 20 mil habitantes, onde apenas 5% da população trabalha. Chico Mendes (PSB), prefeito de São José de Piranhas, recebe, mensalmente, a bagatela de R$ 24 mil reais. E, pasmem, a cidade vive em “estado de emergência” devido à estiagem.
Dos 223 municípios paraibanos, o menor salário é de Ailton Gomes Medeiros, de Nova Palmeira, R$ 7. 474,95. É muito comum candidatos declararem seus bens à justiça eleitoral e após decorrido o tempo de mandato aparecerem com um patrimônio imensurável.
E se usarmos a tabuada, os salários que recebem, mesmo vultosos, não justificam as cifras milionárias acumuladas. “A política não é corrupta, os políticos são”. A maioria deles fazem de seus mandatos uma profissão, e ingressam na vida pública, não preocupados em promover o bem comum, mas em se tornarem vitalícios.
Achar graça nisso, é a prova de que nos rebaixamos ao nível dos homens maus. Não podemos nunca nos omitir, nem nos julgar menores. O tempo da indignação é a qualquer hora. Não se trata do preço de um prefeito, mas de estimar o seu valor.
Por Misael Nóbrega de Sousa