Manezinho será citado em outro texto, onde os guardas noturnos, apitavam e usavam os cassetetes sem agressão. Mané, marcou época em nossa cidade. São muitas as histórias ou estórias do vigia mais conhecido… Era “fera” esse “Mané”!
Convivi muito com essa figura tão especial. Era despretensioso. Feliz! Sempre conversava com ele. Gostava daquele jeito dele! Era um ser sem ambição. Se encontrasse uma “bicada” nos balcões da vida, ele fazia a festa! Era carismático o guarda! Era um “guarda!”
Manoel Cardoso era veterano no mundo do apito e dos “papas serenos”. Sempre procurava-me, pedindo seu instrumento de trabalho. Ele sabia que eu usava também o apito na minha lida. Aí, eu ficava pensando: ‘Por quê Mané está sempre pedindo um apito!?’ —-Nunca vi tanto, gostar de pedir e perder apito! Será que ele vendia ou perdia seu instrumento de trabalho, nas noites frias que dificultavam seu trabalho? Ouvia seu pedido e não podia falar nada… Se falasse, ele ficava irritado.
Depois de algum tempo, fui informado que o velho Guarda estava de “quatro” num jardim de uma residência, onde ele era responsável pela segurança. Certa manhã, Cardoso foi flagrado pela doméstica dá tal residência. Curiosa, ela ficou observando-o e perguntou: “Seu Mané tá fazendo Ginástica?”—–Ele: “Tô procurando meu apito, ora mais!” Ah Guarda!
Os Guardas, comandados pelo experiente Zé Benedito circulavam nas imediações do antigo mercado público (hoje, praça do zinco), quando sentiram a ausência do aspirante ao subcomando. Mané estava em alta com o chefe do Poder Executivo, após uma ação executada no Riacho Agon, quando, numa perseguição a perigosos inimigos do alheio, o experiente integrante da guarda municipal perdeu sua farda, que desapareceu nas águas do riacho do Corrente, que já foi perene. Explico: Na tal perseguição, o comandante José Benedito que era pai de Pretinho, ordenou que os Guardas se livrassem do uniforme, para facilitar a travessia. Mas, o assunto era mesmo, a ação no antigo mercado público, que ficava localizado na rua Francisco Maia, bem no centro de nossa cidade. Como falava antes, os companheiros sentiram a falta do Guarda Cardoso, com certeza, seu nome de guerra, nas noitadas Catoleenses. Num dado momento, expectativa! O silvo estridente do apito (já utilizava tal objeto), deixou o restante do grupo numa forte adrenalina. Era Mané em ação!
Os Guardas, em desabitada carreira, gritavam: Eita cabra macho esse Mané, pois não é, que ele pegou o ladrão! Quando se aproximaram do local, surpresa! Lá estava o Guarda, sentado no chão e numa soneca! Explicação: Mané estava com o apito na boca, e, quando respirava, o som do apito… Decepção! O Comandante, acordou o dorminhoco e foi aquela “festa”.
Estava falando na ação do Riacho Agon e adentrei no famoso caso do apito. Na operação “tira a farda”, Manezinho foi infeliz. Num descuido, seu uniforme desapareceu nas águas inimigas do Guarda. Aí, outra operação foi desencadeada, para que o integrante da força pública municipal, chegasse até sua residência. Ah Mané!
Na sua profissão, era obrigado ficar durante a noite toda, sem dormir (será?). Já pela manhã, estava “louco prá morder o beiço do copo”. Difícil era ele encontrar, um lugar disponível. Tinha “prego” em quase todas as BODEGAS de nossa cidade. Um local sempre visitado por ele, era a mercearia de Chico do Coxo. O débito era antigo! Já tinha muitos “aniversários”. E olhe, que Chico só contava o tempo, de dois em dois anos. Era tempo! Mané chegou, e foi logo dizendo: “Coloque uma cana aí!”—–Chico: “E a conta? Vai pagar?” —–O guarda cheio de “autoridade”: “Agora só compro no dinheiro”. Chico mais uma vez acreditou e “levou” outra rasteira do famoso “Mané”. O Guarda que estava à paisana, tomou a “pinga”, limpo “os beiços” e foi embora, como sempre, empurrando sua “magrela” (bicicleta), companheira inseparável. Com certeza, procurando outra bodega, onde seu nome ainda era desconhecido. Em tempo: Ele sempre andava a pé, e empurrando sua bicicleta.
Certo dia, eu passava perto do mercado público, e ele abordou-me: Estava querendo saber, se eu havia divulgado a lista das bodegas onde ele tinha conta prá pagar. Falei que não era verdade. Ele disse que iria denunciar-me ao Promotor de Justiça. Tentei ponderar. Falei que era brincadeira dos biriteiros. Ele estava irredutível! Certo tempo depois, tomei conhecimento que alguém falou prá ele, que a tal lista, havia sido entregue, por Joaninha (Mãe de Mazaropi e esposa de Genézio). Coincidentemente, eu passava na rua Benjamin Constant, em frente à bodega de Joaninha, quando, naquele momento, Manezinho estava conversando com a bodegueira, justamente, sobre a tão badalada lista, onde estava o “crime” etílico e obsoleto como falou Mazaropi, defendendo sua genitora que dava boas gargalhadas. Interessante, que o Guarda era quem estava raivoso. Joaninha estava se divertindo com aquela situação! Tempo bom!
Final de eleição para Prefeito em Catolé. Mané, logo cedo, encontrou o Promotor aposentado, Doutor Hugo Reinaldo Barreto, e foi logo “atacando “: “Ei Doutor, eu quero um aumento, pois tô ganhando pouco, e soube agora que o Senhor vai ser Secretário do Prefeito!” O velho causídico com aquele sorriso, que lhe é peculiar, disse: “Mané, o Secretário do Prefeito será Dr. Hugo Maia e não eu, que por sinal, também sou descendente da família Maia”. Mané, com seu ar de esperteza, disse: “Diacho, fiquei outra vez sem aumento”.
Um assalto aconteceu, logo no setor, “protegido” pelo velho e bom Guarda Mané Cardoso. E o Guarda!? Também foi assaltado! Os larápios levaram seu celular. Depois de algumas diligências, a polícia prendeu os bandidos. Uma moto foi recuperada. Na chegada do proprietário com a tal moto, Mané na expectativa de ter seu “lanterninha” de volta, foi logo gritando: “Cadê meu celular também veio?” Ouou—–Não, foi a resposta recebida com muita tristeza pelo homem que enfrenta as noites frias e quentes de nossa velha Catolé. Ainda falando do seu celular, Mané muito “brabo” disse: “Ah se eu pego esse ladrão!”—- Dessa vez foi o ladrão que “pegou” o Guarda dos Cardosos.
O “amigo” das bodegas foi morar em João Pessoa. Lá, foi acometido de um acidente vascular. Não resistiu. Mais uma figura folclórica e querida foi morar no céu.
Num próximo texto sobre os vigias, Mané será citado. Tem muita história esse “Mané”.
Texto de Pedro Neto (Professor Lé)
Manezim guarda, meu querido e amado avô!
Muito bom ver que todos lembram dele com carinho.
Ansioso para a próxima história 😁😁