SININHA!
Mulher com letra maiúscula. Guerreira numa guerra chamada vida. Filhos sem pai, carregam sempre o nome da mãe. Com ela não podia ser diferente! Joca, Chico, Lourdes, todos de Sininha! Nomes estampados nas páginas policiais. Ela não pedia, mas as manchetes em letras garrafais estavam lá: “Joca de Sininha foi preso em Irece;” Joca de Sininha condenado em júri em Mossoró”. Será que, em seu âmago ela era feliz, quando via seu nome estampado em notas dolorosas, cruéis e sensacionalistas? Ninguém sabe a dor que ela carregava nos labirintos do seu coração. Amarga e triste vivência, num mundo vil, árido e tirano para uma mãe que só pensava em criar seus filhos… Difícil missão para um lar contaminado pela dor, ódio e sofrimento.
Severina Praxedes de Oliveira (Sininha), tem sua origem numa Lagoa de Pedra (município de Patu – RN), banhada pelo sangue de pessoas ligadas pelo mesmo laço de sangue. Dona Sininha era filha de Antônio Alves Praxedes Maria Praxedes dos Santos (Marica Praxedes). Era neta de Martiniano da Rocha Maia e Vicencia de Oliveira. Ela era bisneta de Francisco da Rocha Maia e Maria de Santana da Silva (ela era Maria Francisca Maia que mudou de nome por conta de briga no seio familiar). Sininha era descendente de vários sobrenomes e uma catrevagem de problemas no meio familiar. Lagoa de Pedra era formada da junção de vários sobrenomes: Nascimento vindo do Ceará e chapada do Apodi; Cesário oriundos do Riacho do Sangue no vizinho Ceará; Rocha Maia e Saldanha, com ramificações em Catolé Do Rocha, Brejo do Cruz e Pombal, mas todos vindos do sertão cearense. Eram muitos laços de sangue num só nome.
Mãe Sininha ficou viúva no começo de uma vida conjugal. Seu esposo, Luis Cesário (seu primo de origem), foi assassinado covardemente, sem nenhum direito de defesa. Morto por vingança. Seu irmão, Raimundo (No Ceará, ele era Rafael) assassinou Chico Martiniano (filho de Martiniano da Rocha Maia), seu primo, pois Mariana da Rocha , avó de Raimundo ou Rafael era irmã do pai da vítima (Chico Martiniano). Luís Cesário teve sua vida ceifada para pagar por um crime que não cometeu. A vingança covarde foi consumada. Os filhos sem pai, agora estavam à mercê da sorte e da mãe solitária, que empreendeu uma luta tirana para criá-los.
A Lagoa de Pedra, palco de guerra, não oferecia vida. Oferecia morte! Apenas agruras, perseguições e violência, mapeadas o caminhar sombrio de uma família. Catolé do Rocha foi seu porto seguro ou inseguro? Aqui, ela trabalhava incansavelmente. Sua máquina de costura e os filhos, eram sua razão nesta existência fria, solitária e dolorosa.
Enquanto pedalava incansavelmente sua máquina salvadora (adquiriu osteoporose em virtude do tempo despendido na rotina de trabalho), via seus filhos crescerem. Não sabia ela, que o destino traiçoeiro campeava seu lar. Foram muitas dores: Sua mãe faleceu em decorrência de um acidente (foi vitimada por uma vaca); sua irmã Raimunda foi assassinada, sendo vingada por seu irmão Maurilio, que matou seu algoz no mesmo instante; Cícero Praxedes, seu irmão cometeu um crime na cidade de Patú ocasionando posteriormente a morte de João Praxedes Alves conhecido como Doca Praxedes também seu irmão.
Sininha, mãe de tantos filhos, criados com muito sacrifício, também sentiu o peso do sofrimento, na dor indescritível da perda de filhos queridos. Tanto ela fez para salvá-los, mas o destino, talvez seu companheiro inseparável, foi testemunha dos momentos amargos e dolorosos na vida de uma mãe, marcada pelo próprio tempo, via seu mundo desabar na sua fortaleza interior.
Primeiro, foi a morte de Sebastião Saldanha da Silva (Joca de Sininha), responsável pelo grifo, tantas vezes, pela colocação do nome de sua mãe nas manchetes policiais. Em seguida, a morte de mais um filho, agora era Chico de Sininha, trucidado pela polícia militar do estado da Paraíba. O tempo de dor, teve continuidade quando seu filho Luís (mesmo nome do pai, também assassinado) foi alvejado e ficou para sempre, preso à uma cadeira de rodas. A sequência de crimes, teve como alvos, netos seus, que foram vítimas nesta luta incessante, dizimados pelo trem sem rumo da violência.
Os desatinos foram muitos nesta selva de pedra, sangue e dor. Sininha sobreviveu a todos estes desencontros, marcados e pintados no quadro negro de sua existência. Viu o tempo, companheiro inseparável do seu padecer, minar sua força. Agora, idade avançada, sentiu sua fortaleza desmoronar, perante o crivo de uma vida, que somente ela, soube suportar.
Sininha não está mais aqui, mas sua marca indelével perdurará para sempre no sangue e na fibra, pontos capitais, valorosos e significantes, numa existência que ela soube honrar.
SININHA era Severina, junção de tantos nomes e sobrenomes, que ela tanto soube assiná-los.
Por Pedro Neto – Prof. Lé: Simplesmente SININHA!
Parabéns ! Muito satisfatório conhecer um pouco do passado de minha bisavó ! Uma pena ter seu passado recheado de dor e sofrimento !
Ahhhh como estou feliz por ter encontrado Prof Lé, Professor Pedro Alves Praxedes Neto, meu colega de profissão e primo.
Faltou nomear Walter, filho de Sininha e papai(José Sobrinho da Rocha), filho de Chico Martiniano.
Gostaria de dizer do orgulho de fazer parte da Lagoa de Pedra e dizer que as dores vividas pelos nossos antepassados, contribuiram para mim para fazer valer a necessidade de aprimorar o perdão e exercitar o amor. Bem como valorizar a educação como meio de aperfeiçoar o conhecimento e o tespeito ao outro.
Sou bisneto de Martiniano da Rocha Maia e Cristina(segunda esposa e sobrinha de Vicencia)