Por Professor Pedro Neto (Prof Lé): Não é esse Balaio todo não!

Na antiga feira de Catolé do Rocha, a banca de Nelson Mangaeiro e família, talvez fosse a única. Lembro de Zé Branco nos anos setenta, competindo com “Seo” Nelson, também, para alguns, Verdureiro. O povo ficava observando, e logicamente, adquirir os melhores produtos, como também, pechinchar nos preços.

O sábado era uma festa! ——-Numa dessas feiras, os fregueses estavam ansiosos para comprar abacaxi. Esperavam uma afirmação de Geraldo de Nelson ( o próprio nome já diz tudo), quanto à qualidade do produto, importado de Sapé da Paraíba, terra do guarda do poeta Zé Laurentino.

Geraldo, bastante ocupado atendendo à clientela, não conseguia passar tal informação. De repente, chega Zé Galdino do sítio Pau de Leite, compadre do vendedor e grande apreciador da tal fruta. Geraldo, de imediato, solicitou ao amigo, que testasse um abacaxi, para informar aos fregueses, a qualidade do mesmo, e adiantou:” Agora aí entende de abacaxi, não é não compadre!?”——-Mestre Zé Galdino não se fez de rogado. Tirou a viana( era assim que ele gostava de batizar sua faca peixeira) da bainha, e, com maestria, descascou imediatamente a suculenta fruta. Com aquela calma que Deus lhe deu, “devorou” pacientemente a pobre vítima, isto é, a tal fruta de São. Sobrou apenas a casca! Geraldo, esperando uma resposta afirmativa sobre a qualidade do seu produto, indagou: ” E aí compadre!?” ——Zé Galdino, respirou fundo, limpou a boca com a manga da camisa, deu mais um suspiro e disparou: ” Não é esse Balaio todo não!”—— Geraldo, entre surpreso e ofendido, balançou a cabeça, pesaroso e aflito, pois além de perder um abacaxi, não sabia o que fazer para sensibilizar os fregueses. Decepcionado, disse: ” Tá bom compadre Zé, muito obrigado.”

Texto:Professor Pedro Neto (Prof Lé) – Não é esse Balaio todo não!