Benedito Vital. Vital é vida. Vem do latim “Vitalis”. Além de sobrenome, Vital, é também considerado sobrenome. Aqui, o Vital era vida mansa! Andar calmo e tranquilo…devagar, como não queria chegar nunca! Assim era Benedito! Dono de um senso de humor diferente. Sarcástico? Também! Não gostava de conversa sem futuro( Ele gostava de falar assim). Era capaz de mandar alguém para as ” cucuias.” Não poupava pessoas tolas. Ele era assim…puro, verdadeiro.
Eu admirava-o! Figura excêntrica, legítima. Era simpático quando queria. Não simpatizando com o interlocutor, dava aquele muxoxo! Era sinal…Não estava satisfeito!
Bené era casado com minha tia Rita, filha de Pedro Alves Praxedes da Bela Flor, e irmã do meu genitor, Sebastião Alves Praxedes, “Seu” Basto para os íntimos. Tia Rita era um ser iluminado pelo Pai Criador( merece um livro por sua presença aqui na terra).
Prole grande, esta, de Benedito e Rita Praxedes de Melo( sobrenome herdado do esposo): Onézia; João;Titico; Dita; Zé; Dedo; Fanca; Pedro( poderia ter o mesmo nome do avô. Benedito não quis), ele( Bené), optou por Pedro Vital de Melo; Humberto; Lele e Michelson. Inteligentes, esses filhos de Tia Rita! São homens trabalhadores!
Tia Rita e “Seu” Basto não eram apenas irmãos! Amigos de verdade! Irmãos de sangue e coração. Temperamentos parecidíssimos! A diferença de idade era apenas de um ano. Lá no céu, de mãos dadas, caminham e oram por nós todos. O sorriso estampado nos rostos, marca registrada desses seres iluminados. Irmãos de verdade !
São muitas as histórias de Bené Vital. Ele falava sempre que HUBERTO(era assim que ela falava), queria ser igual aquele “besta” de Basto, que pensa ser um “Doutor” de Bola. Assistindo TV, ele se irritava quando numa novela tal, os escravos brigavam entre si. Aí ele bradava:”Respeitem minha casa cambada dos infernos”. Este Benedito era assim mesmo! Ouvindo rádio, ele se irritava quando q locutora dizia: ” Antártica…”—- Aí ele disparava: ” Essa sujeita tá pensando que só existe essa…
Certa vez, ele conversava com meu pai(Seu Basto), quando adentrou à bodega outra figura folclórica de nossa cidade, que foi logo perguntando:” Tem castanha Basto?”—— Benedito aproveitou a deixa e perguntou: ” Você ainda tem dentes para comer castanha?”—– O outro, sempre “simpatico” falou: “Tenho não coloque o dedo aqui pra ver se não quebro!” “Seu Basto ” preocupado, pediu que Bené parasse com aquela conversa. Ele irritado: “Eu queria me “lascar na peixeira com este “tampo.”Queria que ele fosse macho!”—– O outro saiu calado… Bené tava invocado! E pai como sempre, preocupado. Ele, não satisfeito, ainda disse: “Esse cachaceiro vivia estirado nas calçada lá de Brejo do Cruz com o …cheio de cachaça.” Esse, era o genro de Pedro Praxedes. Não tinha papa na língua não!
Eu sempre conversava com João (filho de Bené). Ele sabia que eu, era admirador … aí, ele contava as histórias hilariantes , sempre com aquele linguajar, próprio, que só ele sabia imitar(os dois estão no céu).
Benedito era conhecedor da história de nossa região. Era sabido! Acho que ele foi o primeiro camponês deste torrão, que enfrentou um patrão nas barras da justiça. Por neste assunto: Estava Benedito presente no restaurante do seu filho Pedro, quando o causídico José Hercilio Maia, comentava orgulhoso, jamais ter perdido uma causa, quando soou aquela voz tonitruante! Aspas prá ele: Você perdeu a minha causa bicho véi. Tá esquecido caba véi?”—– O velho advogado olhou para os lados e: “Você tem razão.” Desta vez, o famoso “morador” venceu o patrão. Este era Benedito Vital de Melo. Coisa rara em nossa região onde o patrão soberano, maltratava e ignorava o homem do campo. Esse Vital, sabia das coisas! Ele conhecia o fio da meada!
Ora, vamos a mais uma das suas. Esta foi João ( seu filho), que contou-me. Aspas: Aquele amarelo de Basto ( ele estava se referindo aos filhos de Basto, seu cunhado), só querem ser ….não falam com ninguém! Ainda tem aquele Doutor da bola( neste momento choro!) que fala com o povo. Também…se não falasse! É, mas aquele ” besta” fala!”—–Este Doutor de bola é o autor do texto!
O tempo voa! As pessoas cumprem sua passagem na terra. Benedito Vital de Melo foi chamado. O pai criador estava precisando das suas verdades. Com certeza, lá no céu, ele continua inspirando e mostrando que a igualdade existe. Existe! E eu? Triste! E uma pergunta no ar: ‘ Por quê não conversei mais com aquele ser diferente, mas iluminado? Poderia ter bebido muito mais naquela fonte de sabedoria. Lamento!
No seu último aniversário fui até sua casa. Ele não estava! Circulava pela cidade com seus passos curtos. Andava, sempre bem vestido! Jeito manso, de quem não quer nada. Lamento! Benedito nos deixou e com ele foi um cabedal de conhecimento!
Interessante, eu não era amarelo, minha cor era igual a cor de Bené. O Doutor da bola, sente muito a falta daquele pai pobre, simples, mas dono de um conceito muito forte nesta vida: ‘ Ele não não se intimidava nem “abaixava” a cabeça pra ninguém…NUNCA!”.
Por Professor Pedro Neto (Professor Lé): Homem que o cupim não roeu!