Por Professor Pedro Neto (Professor Lé): O homem de Branco

O homem de Branco.
De: Pedro Neto (Lé)

Quando não estava em seu consultório, ficava deambulando por aí. Figura simpática! Era neto de Joaquim Tolentino Ferreira Maia, aquele que perdeu a caderneta das contas (ele tinha muitos devedores no seu comércio), e teve que vender sua propriedade (as batatas, que fica ali ao lado do campo de pouso), para saldar suas dívidas; os débitos dos fregueses, ele perdeu( mas pagou as suas dívidas). Depois foi funcionário dos correios…Precisava trabalhar, “Seu” Quinquin. Então!? E o neto de Joaquim Tolentino? Conhecí sim! Era Figura ” carimbada” nos bares de nossa cidade. Boêmio de verdade!

Sempre admirei aquela figura diferente! Roupa branca. Ossos do ofício ou escolha própria? O sapato também branco, completava sua indumentária. Atendia em domicílio. Era só chamar, e ele: andar faceiro, sempre com o cabelo bem penteado ( a brilhantina funcionava!). De longe, ouvia-se o assobio legítimo. Em certos momentos, cantarolava. Esse era o filho de Antônio Gomes Barreto ( não confundam. Esse era militar) e Maria Gomes de Oliveira Maia. Zé Gomes Maia, era de estatura alta. Andava sempre bem barbeado. O bisneto de Laurentino Ferreira Maia ( filho de Manoel Alves Maia que era avô de Francisco Hermenegildo Maia de Vasconcelos-Coronel Maia).

José Gomes Maia, o primo (era assim que ele gostava de tratar as pessoas), era o pai de: Zé Maria, Jório, Jackson, Jairo, Vênus, Lúcia, Fátima e Heloisa(falecida) que ele teve fora do casamento.

Muitos e muitos jovens catoleenses, foram seus clientes. Visitantes clandestinos do consultório do “primo”. Ficava ali, nas imediações do atual mercado público. Ele estava sempre às ordens! Aspas prá ele: Diga primo! Esse era seu bordão favorito. Também ficou conhecido como “primo!” Sempre alegre e atencioso. Falava alto! Voz forte!

“Primo” era fã incondicional de Augusto dos Anjos. Versos íntimos, obra prima do poeta do engenho paud’arco, era sua companheira inseparável. Foi declamado por ele, tantas vezes, que parecia ser , “Primo” , o próprio autor. Seria o bisneto de Laurentino Ferreira Maia, a própria história dos versos íntimos?

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro da tua última quimera

Somente a ingratidão essa pantera

Foi tua companheira inseparável.

Ví e ouvi o homem de Branco declamando. Era pura emoção! Era um boêmio de verdade! Um dia…Ele parou! Nas noites de seresta da Rádio Independência (Programado comandado pelo advogado Hidelbrando Diniz) travava verdadeiro desafio com Sales (motorista de táxi e cantor nas horas vagas).

Como, Zé Gomes, o primo entrou na vida de enfermeiro ambulante e monto seu consultório, bem particular e fundamental na boa convivência dos jovens catoleenses ? O ” primo ” , primeiramente, aprendeu a técnica para aplicar injeção. Até aí tudo bem. E agora? Medicamento naquela época não era fácil! Aí, uma solução: Ele conseguia os medicamentos com Dr Ferreira( casado com uma senhora da família Maia. Foi Prefeito de Catolé do Rocha), e aí, saía pela zona rural ou pela periferia de nossa cidade, efetuando a aplicação dos seus sagrados remédios. Se o paciente tinha dinheiro…Não tendo… Ele recebia: galinha, legumes e tudo que fosse possível vender na cidade. Assim ele levava sua vida, sempre andando alegre e frequentador assíduo dos botequins de nossa cidade.

O tempo não para! ” Primo” parou. Era um boêmio, de verdade! Entre tantas coisas interessantes de nossa comunidade, os boêmios não estão mais aqui. Quem ocupou seu lugar!? Hoje não temos mais boêmios como antigamente. Eles não estão aqui! Esse ( boêmios), é tema para um próximo texto. Por quê eles não existem mais? Hoje os bares não têm aquele charme de outrora. Os motivos para o uso das bebidas alcoólicas, são outros. O romantismo foi trocado pelo banalismo. Eles, os boêmios foram morar com Deus.

Eles, só queriam ser felizes!

Texto do Professor Pedro Neto (Professor Lé)